ENTREVISTAS - ADALBERTO BELERIQUE - Cabo do GFA T.T. Terceirense



"tive várias referências, António Gama, Carlos Pegado e no meu Grupo, José Lúcio Sousa e João Melo, o primeiro, um forcado completo com quem aprendi muito e o segundo, um dos melhores primeiros ajudas do país." - Adalberto Belerique


O Grupo de Forcados Amadores da Tertúlia Tauromáquica Terceirense foi fundado em 1973, tendo sido seu primeiro Cabo João Hermínio Ferreira.
Em 1989, João Hermínio cede a jaqueta e o comando do Grupo a António Baldaya.
Durante o concurso de ganadarias da Feira Taurina de S. João em 2001, Adalberto Belerique começa a liderar o primeiro grupo de forcados açoriano.

No ano em que comemoram 40 anos de existência, regressam ao continente já no próximo dia 6, com a presença no Campo Pequeno e no dia 8 pegam em Aljustrel.
Antes destes importantes compromissos e das Sanjoaninas o Forcado Amador numa parceria com o NATURALES entrevistou o seu cabo Adalberto Belerique.


Em que ano entras para o Grupo da Tertúlia e como foi a tua vinda?
Entro em 1990. Entro como acontece a quase todos os jovens, por influência dos amigos.

Tinhas antecedentes na família que te fizessem pensar em ser forcado?
Não, apesar de estar no seio de uma família de aficionados. Desde pequeno que acompanhava os meus pais às corridas, e desde miúdo que nutria esse sonho.

O que significa para ti pertenceres ao grupo da Terceira?
O GFATTT é o meu Grupo! Passei a maior parte da minha vida neste Grupo, neste ambiente. Aprendi com os mais velhos a pegar toiros, bem como a saber comportar-me dentro e fora da praça. Aprendi que em conjunto podemos encarar e ultrapassar desafios enormes, e tudo isto moldou a minha personalidade. Recebi dos mais velhos um código de valores, que é passado hoje em dia aos novos elementos.

Quando foste escolhido para cabo, qual foi a tua reação, já estavas à espera, foi uma surpresa?
No GFATTT, o cabo cessante nomeia o seu sucessor. Quando o António me passou o comando, foi o culminar de um processo, pois eu já o acompanhava há uma ou duas temporadas. Naturalmente fiquei feliz, mas também preocupado com a responsabilidade da “pesada herança” que acabava de receber. A partir daí, tentei que o Grupo honrasse a história que nos antecedia, preocupando-me sempre em que inscrevêssemos novas páginas nessa história.

Quando estás na trincheira e tens que escolher um forcado e um grupo para pegarem um toiro, o que tens em atenção?
Inúmeras coisas, sendo que a primeira é naturalmente o toiro e o seu comportamento. Depois, e face a esse comportamento, escolho 8 elementos, que julgue “encaixarem” bem no comportamento que o toiro demonstrou até aí. Para essas escolhas, naturalmente entram em linha de conta o momento de forma de cada um, o seu moral, as prestações anteriores etc..

Achas que se dá o devido valor ao Forcado em Portugal?
Infelizmente penso que já se deu mais. Julgo que a figura do Forcado Amador está um pouco banalizada.

O grupo da Tertúlia em 2012 actuou por 11 vezes, 8 nos Açores, 2 no continente e 1 no Canadá. Realizaram 50 tentativas para pegar os 34 toiros que enfrentaram, com uma média de 1,47 tentativa/toiro,  posicionando-se no 20.º lugar do nosso Escalafón de Corridas (dados FORCADO AMADOR). Dessas corridas qual foi a mais complicada para o grupo?
Não posso nomear uma corrida que tenha sido toda ela complicada. Saíram-nos ao longo da época alguns toiros difíceis, que nos colocaram à prova. Felizmente conseguimos encontrar soluções para os “problemas” que nos apareceram.

E qual foi em que arrebataram maior triunfo.
A época passada correu-nos muito bem, sinceramente é-me difícil destacar uma actuação. Mas penso que as nossas prestações no concurso de ganadarias das Sanjoaninas, no Canadá e na corrida de Rego Botelho, na ilha Graciosa foram muito importantes, pois frente a toiros difíceis e com poder, tornámos “fáceis” situações que poderiam tornar-se muito complicadas. 

Qual a praça em que mais gostas de pegar? Porquê?
Evidentemente gostamos muito de actuar na nossa praça. Apesar de ser uma das mais exigentes que conheço, estamos em casa, perante o nosso público. O Campo Pequeno, como primeira praça do país, é naturalmente uma praça  muito especial, mas gostamos de percorrer todo o país, conhecendo novas realidades e dando-nos também a conhecer.




Na tua vida de forcado qual foi o forcado que mais te marcou? Porquê?
Como forcado da cara, tive várias referências António Gama, Carlos Pegado e no meu Grupo, José Lúcio Sousa e João Melo, o primeiro, um forcado completo com quem aprendi muito e o segundo, um dos melhores primeiros ajudas do país.

Como se encontra o grupo que comandas neste momento?
O Grupo encontra-se numa fase que tem um misto de veterania e juventude. Nesta digressão levaremos 21 forcados, tendo o mais novo 18 anos e o mais velho, que sou eu, 42 anos.

Sendo o grupo de uma ilha, possivelmente muitos dos forcados encontram-se a estudar no continente. Como é feita preparação desses forcados?
Temos cada vez mais elementos a estudar no continente, o que é bom sinal. Estes preparam-se fisicamente e treinam com gado bravo ocasionalmente. Nós costumamos fazer alguns treinos no continente, onde posso observar o evoluir desses elementos. Ainda no mês passado, estivemos a treinar nas ganadarias de Falé Filipe e Samuel Lupi.

É complicado formar um grupo numa ilha?
Creio que é muito mais complicado do que no continente. Existem menos corridas, menos ganadarias, etc.. É preciso muito trabalho e dedicação para se estar ao mais alto nível.

É importante a presença dos antigos Forcados no dia-a-dia dos grupos. No Grupo da Tertúlia essa presença é notada? Como analisas essa presença junto dos forcados actuais?
A presença dos antigos é essencial na vivência de um Grupo de Forcados. Eles representam o historial do Grupo, são as referências. É muito importante que os mais novos conheçam e percebam a história do Grupo, e essa história é feita de pessoas. Nada melhor do que conviver de perto com essas pessoas. Felizmente, temos os mais velhos a acompanhar-nos e a marcar presença. Neste ano até os temos a treinar connosco. Um bom exemplo disso, é a quantidade de antigos elementos que nos acompanham nesta viagem.

Como é que se vive a Festa na Ilha Terceira?
Esta ilha é muito aficionada, sobretudo ao toiro. As pessoas têm por hábito deslocar-se ao campo no fim de semana e ver o gado pastar. Isto é possível, porque uma boa parte dos efectivos pasta à beira da estrada. Existe também a componente da tourada à corda, com os adeptos das diferentes ganadarias. Os aficionados conhecem os toiros pelo número, e acompanham ao longo da época as prestações dos seus toiros favoritos. Todo este ambiente da tourada à corda, está envolvido em festa, e aí, os terceirenses são especialistas. Na praça, temos um público muito exigente, tanto em relação aos carteis apresentados, como em relação às prestações dos artistas.

É verdade que os toiros das ganadarias da Terceira são mais complicados de pegar do que os do continente?
Já foi mais assim. Fruto da seleção das ganadarias, bem como da aquisição de vacas e sementais, tanto em Portugal, como em Espanha, essa diferença já não se nota.

O Grupo da Tertúlia Terceirense assinala este ano 40 anos de existência. Quais os pontos altos das comemorações?
Este ano é de facto especial para nós, por isso preparámos várias iniciativas para o comemorar. Criámos uma comissão para a edificação do monumento ao Forcado em Angra do Heroísmo; vamos promover uma noite de fados na arena da Monumental Ilha Terceira; lançaremos uma medalha comemorativa dos 40 anos; editaremos um livro com o historial do Grupo; no dia 24 de Junho será editado um selo comemorativo, e nesse mesmo dia, os actuais e antigos elementos pegarão 6 toiros na corrida comemorativa do aniversário; teremos ainda um jantar de gala, e uma digressão a França, para além de uma corrida de toiros que organizamos em Julho. Temos feito também alguns treinos abertos à comunidade, que têm tido um resultado fantástico.

Na quinta-feira regressam ao Campo Pequeno, como encaram essa responsabilidade?
Actuar na primeira praça do país é sempre uma responsabilidade acrescida, sobretudo a começar a temporada. Temo-nos preparado para o desafio, e entraremos em praça, para comemorar os nossos 40 anos, mas também para honrá-los.

Acham que Lisboa vai ser quinta-feira o ponto de encontro de muitos açorianos que se encontram no continente?
Sem dúvida. E a juntar-se a esses, um número considerável que se desloca de propósito a acompanhar o Grupo.

Finalmente, um desejo para a temporada 2013?
Espero que a temporada nos corra de feição, e que continuemos a desfrutar do apoio e do carinho com os aficionados nos têm agraciado, tanto nos açores como por todas as praças por onde temos passado.


 

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