Entrevista: Miguel Ortega (Cortesia NATURALES)
Antes de terminar o ano, veja ou reveja uma das grandes entrevistas de 2012, realizada por Miguel Ortega, para o Site NATURALES, ao forcado João Brito do Grupo de Forcados Amadores de Santarém.
João Brito dos Amadores de Santarém destacou-se na pega ao primeiro toiro Palha da temporada no Campo Pequeno, no terceiro toiro Branco Núncio da última na capital, brilhou frente a um Ernesto de Castro em Santarém e nas Caldas da Rainha com um toiro de Inácio Ramos.
João tens, 25 anos és natural dos Açores?Sim. Angra do Heroismo, Ilha Terceira.
Como te nasceu essa paixão pela festa dos toiros?Começou com os meus tios que eram forcados no grupo da Tertúlia e um bocadinho mais tarde o meu irmão Jorge também foi forcado do mesmo grupo durante 15 anos. Ele é 10 anos mais velho e eu comecei a ir ver os treinos dos forcados com ele. Com dez ou onze anos fiz uns treinos com a tourinha. Mas como a minha grande paixão era a natação meti um bocado de parte os forcados por falta de disponibilidade. Mas como lhe disse ainda dei umas ajudas nos treinos.
Mas alguma vez te chegaste a fardar pelo grupo da Tertúlia Tauromáquica Terceirense?
Não, Não nunca me fardei. Mas passado um tempo acabei por me desligar do meio. No 11º ano vim estudar para Lisboa, para o Rainha e de vez enquanto havia garraiadas, e havia o Grupo C L (Comunhão e Libertação) e eu fui com os meus amigos do C L a uma dessas garraidas e o bichinho que estava adormecido voltou. Decido então que no ano seguinte queria ir treinar num grupo de forcados e tentar ser forcado.
A Ilha Terceira é a Ilha mais aficionada do Mundo, como se vive e sente a festa dos toiro, é diferente?
É! É muito diferente as pessoas lá são muito mais aficionadas do que aqui no Continente. Tem um conhecimento enorme do toiro, eu não tenho nem metade do conhecimento daquelas pessoas. Ali vivesse o toureio, sabe se muito, muito de toiros. Ambiente e a Cultura Taurina no meu ver é muito mais evoluída do que cá.
João, já disseste anteriormente que decidiste ser forcado quando já estavas a estudar em Lisboa, porquê o grupo de Santarém?
Ai há uma história engraçada, eu quando vim para cá não tinha muito conhecimento em relação aos grupos de forcados. Podiam falar de um grupo qualquer que era o melhor e eu acreditaria. Mas como estudava em Lisboa pensava que os treinos do grupo de Lisboa fossem aqui, porque na Terceira muitos dos treinos são na praça de toiros. Pensei que aqui viria treinar ao Campo Pequeno, sei que é uma ingenuidade mas pensei que fosse assim. Por isso pensei ir para o grupo de Lisboa. Fui à Internet então pesquisar e o primeiro contacto que consegui foi o do Pedro Graciosa, cabo do Grupo de Santarém. Foi então que lhe mandei um email a explicar a situação e a pedir o número de telefone do Cabo do Grupo de Lisboa. O Graciosa explicou-me então que ele também vivia em Lisboa e muitos mais elementos do grupo e que pegava em Santarém. Se quiseres ir para o grupo de Santarém há boleia e não há problema nenhum. Combinei então no dia marcado para o treino ir ter a casa dele e estavam mais quatro ou cinco na mesma situação. Olhe fui. gostei e lá fiquei.
Onde foi o primeiro treino?
Na ganadaria João Ramalho em 2007.
Como foi a integração no Grupo de Santarém?
Foi muito fácil. As pessoas no Grupo de Santarém são sempre bem recebidas, quer pelos forcados actuais quer pelos mais antigos. Eu não posso falar nos outros Grupos porque não os conheço, mas tenho a certeza que o Grupo de Santarém é diferente. O Grupo de Santarém é uma escola de vida e é uma escola de fazer homens.
Tu és o caso provado que o Grupo de Santarém não é o Grupo fechado, como por ai se consta?
Há muita gente que pensa isso do Grupo de Santarém, mas não corresponde à realidade. Não se olha se tu és filho deste ou daquele.
O Grupo de Santarém rege-se por valores e por uma maneira de estar na vida, em praça ou fora de praça, muito particulares. Se as pessoas que fazem parte do Grupo lá estão, é sinal que comungam destes pincipios. Mas acima de tudo, no seio do grupo, tem que haver muita educação.
O que é para ti ser Forcado?
Olhe posso-lhe responder assim, vou-lhe dizer o que pensava antes e vou-lhe dizer o que penso agora.
Antes eu não conhecia nenhum grupo, não queria ser forcado do grupo X ou Y queria ser forcado. Hoje em dia a minha visão sobre o assunto já é bastante diferente. Já não faz sentido ser forcado só por pegar toiros. Ser forcado é estar inserido num grande grupo de amigos, num sitio onde acima de tudo nos sentimos bem. Hoje não sou forcado só para pegar toiros, é o mais importante sem dúvida, mas ando lá acima de tudo pela amizade. Para se ser forcado é preciso ter raça, valor, ser destemido, mas acima de tudo ter um grande grupo de amigos dentro do grupo. é assim que eu vejo o ser Forcado. Eu só comecei a sentir isto assim quando comecei a pegar mais. Os amigos que temos lá dentro é que nos fazem ficar.
Sempre foi Forcado da cara?
Não, no ano que entrei em 2007 dei umas ajudas, ainda era Cabo o Graciosa. A experiência era pouca ainda. Nesse ano fardei-me duas vezes, a primeira vez em Marco de Canaveses, mas nessa corrida não fiz nada. Depois fardei-me em Cabeço de Vide e dei uma terceira ajuda. No ano seguinte ainda com o Graciosa dei mais uma três ou quatro ajudas e quando o Diogo foi para Cabo é que peguei o meu primeiro toiro de caras, também em Marco de Canaveses.
João, és um forcado seguro, quando estás na cara do toiro marcas todos os tempos da pega, a palavra "temple" assenta que nem uma luva aqui. As pressas para ti não existem, trazes sempre o toiro muito toureado desde o cite até à reunião.
Nem sempre, tento que assim seja.
É essa a tua maneira de viver a pega é essa a tua maneira de estar na vida o "Temple"?
Pode se dizer que assim é. Quando se está na cara de um toiro temos que estar bem cientes daquilo que se vai fazer. Eu tento estar com atenção à lide do cavaleiro e acima de tudo ouvir bem o que o Cabo diz. Umas das coisas essenciais é termos que estar com o toiro e o toiro connosco, tentar fazer sempre as coisas bem feitas na cara de um toiro. Tentar apressar uma pega, para mim já está uma coisa mal feita e a partir de ai é mais difícil de remendar. Mesmo que custe muito estar ali a falar a um toiro cara a cara, mas é mais inteligente e a probabilidade de as coisas saírem melhor são muito maiores. O toiro tem que ser toureado.
O que se sente ou pensas nesses momentos, de olhos nos olhos com um toiro, quando ele arranca para ti e quando te abraças a ele? Ou se sentes alguma coisa...
É muito difícil uma pessoa pensar em alguma coisa se não no toiro. Quando estou de olhos nos olhos tento fazer as coisas bem feitas, com cabeça e nem sempre é possível. Pensar que o tenho que pegar à primeira.
E quando ele arranca e investe?
Ai não se pensa nada. Quando venho na cara do toiro tento fazer o máximo de força e não largar nunca.
Quando a pega está concretizada ai já se deve sentir qualquer coisa, ou não?
Nesse momento há uma descarga de adrenalina. Já fiz algumas coisas na vida mas não há nada como aquilo, nada mesmo nada. É uma sensação indescritível.
Existe um poema da Sra. Dona Maria Tereza Grave que tem um verso que diz assim "Forcado... Quem te nega que és toureiro". Acha que os Forcados também são toureiros?
Acho que sim.
Quando estás na cara de um toiro também te sentes toureiro?
Sinto! O citar um toiro é tourear a investida do toiro, quando se está a recuar também se toureia, quando se recebe um toiro também se toureia.
Pega à córnea ou à barbela?
Olhe comecei por pegar à barbela, hoje em dia pego à córnea.
Por algum motivo especial essa mudança?
Eu comecei por pegar à barbela por me dar mais jeito, se calhar por me parecer mais fácil e tinha sempre a possibilidade se as coisas não correrem pelo melhor de passar para a córnea.
Olhe se quer que lhe diga quando vou pegar nem sei se vai ser à córnea ou à barbela. No inicio sai quase sempre à barbela, agora sai à córnea. Mas sabe no inicio de cada temporada há mais tendência para pegar à barbela, devido às vacas dos treinos. Mas desde o ano passado que pego à córnea, acho que se não estou em erro o ultimo toiro que tentei pegar à barbela foi em 2011 em Vila Franca um Canas, mas depois saiu à córnea eu já vinha a cair e lá consegui ficar assim.
A figura do Forcado é muito acarinha pelo público, arrastando os grupos muita gente as praças de toiros. Acha que se dá o devido valor ao Forcado em Portugal?
Há opiniões e opiniões! Mas acho que na maior parte dos casos sim, o forcado é uma figura carismática da festa do toiros.
Acha que o Forcado é bem tratado pelos integrantes da festa, cavaleiros, ganaderos, bandarilheiros, empresários?Pela maioria deles acho que sim. Eu no meu caso concreto nunca me senti menosprezado por ninguém.
Nos últimos anos tem aparecido muitos grupos de forcado, achas que isso beneficia a festa e a figura do forcado em si?
Essa pergunta é mais para cabo, não tanto para mim.
Mas o João também tem a sua opinião?
Sim. Acho que existem Grupos de Forcados a mais e não há razão para existirem tantos Grupos. Não faz sentido aparecerem grupos de forcados em terras muito perto umas das outras. Estamos numa altura que há menos espectáculos devido à crise e ainda estão a aparecer novos Grupos, não entendo muito bem isso. Devia a haver a fusão de alguns grupos de forcados. Não deveria haver muito mais que 20 grupos em Portugal.
O que significa para si o animal Toiro?
O Toiro é um símbolo de Portugal sem duvida nenhuma.
É um amigo?
Sim é um amigo. Sem Toiro não havia nada, não havia a Festa dos Toiros. O Toiro movimenta muita gente, tudo se passa em redor dele. Olhe o exemplo da Terceira, chegam a existir três touradas à corda por dia, desde 1 de Maio a 1 de Novembro. Em que milhares e milhares de pessoas vão lá por causa do toiro.
João o que achas de um Forcado ir pegar um toiro, depois de ter sido, mordido por um cavalo, ou lhe terem feito os mais variados números de cima de um cavalo como por exemplo ser agarrado pelos cornos?Nós acima de tudo estamos cá para pegar toiros! Um grupo de forcados quando entra numa praça de toiros é para pegar os toiros. Mas penso que tem que haver bom senso por parte dos cavaleiros. Não concordo muito com essas situações, não gosto de ver as mordidelas, até será uma falta de respeito para o toiro. Mas como lhe disse nós estamos cá para pegar toiros independentemente das situações ocorridas antes. Mas também lhe digo se o público gosta do número...
Muito se tem falado das bandarilhas de segurança, mas o que é certo é que as antigas continuam a teimar em aparecer nas nossas praças. Porquê?
Acho que é uma falta de respeito para com os forcados essa situação não estar em definitivo resolvida. Há uma frase que é comum ser ouvida e com a qual eu concordo, o perigo deve estar no toiro e não em mais nada, como bandarilhas, burladeros e trincheiras e estribos de cimento. O perigo deve ser o toiro e tudo o resto deve ser evitado ao máximo.
Mas voltando às bandarilhas, porque achas que teimam em existir as de não de segurança, acha que não há a força suficiente da parte dos forcado?
Estamos muito bem liderados pelo presidente da associação de Grupos de Forcados, que tudo tem tentado fazer para resolver essa situação. O regulamento não avança, muda o governo, muda o Secretário de Estado e tudo vai sendo adiado.
És um forcado que dás muito pouco nas vistas, até pela tua maneira de estar na vida, mas pouco a pouco os aficionados tem ido reparando em ti e o reconhecimento vai surgindo este ano já ganhaste alguns prémios. Pensas que o ano de 2012 é definitivamente o ano da tua consagração como forcado?
Eu penso que não. Acho que tirando meia dúzia o grande público não repara muito nos forcados e não os conhece.
João mas existem forcados muito conhecidos pelo grande público e não vamos mais longe o caso do Gonçalo Veloso é sinónimo disso era uma figura do grupo de Santarém.
Pois! Mas eu não cheguei lá nem pouco mais ou menos. O Gonçalo era toureiro da cabeça aos pés. Eu penso que só sou mais reconhecido pelas pessoas que acompanham o grupo.
Mas quem aprecia a pega repara em ti.
Esses penso que sim.
Depreendo das tuas palavras que não andas cá por protagonismos.
Não de maneira nenhuma, ando cá para pegar toiros e ajudar o meu grupo no que seja preciso.
Em 2012 pegaste sete toiros?
Sim.
Onde?
Então... Peguei em Santarém em Março um Sommer de Andrade, um Palha no Campo Pequeno, um Castro em Santarém, um Inácio Ramos nas Caldas, um Oliveira na Nazaré a dobrar o João Goes, um Vale de Sorraia em Almeirim e fechei no Campo Pequeno com um Núncio.
Desses sete toiros fazes somente oito tentativas, qual é chave do sucesso?
É tentar fazer sempre as coisas bem feitas e acima de tudo saber que tenho atrás de mim um grande grupo a ajudar. Isso é o importante se não fossem os grandes ajudas que o grupo de Santarém tem não podia ficar na cara do toiro. Da minha parte tento fazer uma boa reunião e depois sei que o grupo faz o resto.
O único toiro que não pegas à primeira tentativa é em Lisboa, um Palha o que correu mal nessa tentativa?
Braços! O toiro era um bocado complicado, vinha a humilhar muito, o toiro afocinhou e eu não me consegui fechar em condições e cá a atrás o toiro deu um derrote que me tirou.
Qual foi a tua melhor pega desta temporada?
A do Núncio aqui no Campo Pequeno
E qual foi a tua melhor pega de sempre, aquela em que te tenhas sentido mesmo muito bem, em que tenhas dito esta foi mesmo boa, que te tenha dado mesmo gozo pegar aquele toiro?
A 28 de Julho 2011 aqui no Campo Pequeno a um Teixeira. Aí senti mesmo o público com o Grupo.
Não achas que foi a partir desse dia que o público te começou a ver de maneira diferente e começa a reparar mais em ti?
Se o Miguel o diz... Mas talvez a partir dai me vejam com outros olhos. Mas foi essa pega, eu quando fui aos médios agradecer era a minha primeira ida aos médios, senti um arrepio.
Já tiveste dois cabos na tua vida de Forcado, o Pedro Graciosa e agora tens o Diogo Sepulveda. Como é óbvio são pessoas completamente diferentes! Como os descreves como pessoas, como forcados e como cabos?
O Graciosa, foi a pessoa que me levou para o grupo, foi com ele que comecei. Como forcado não me posso referir muito a ele porque não o vi, mas sei que foi um grande ajuda e rabejador do Grupo. É um grande homem que me ajudou bastante na integração do grupo, é uma pessoa pela qual tenho um grande carinho, gosto muito muito do Pedro.
O Diogo, o Diogo é difícil descrever o Diogo. É uma pessoa espectacular. Do Diogo já posso falar dele como pessoa, como forcado e como cabo. Como forcado é uma pessoa com quem aprendo muito e como pessoa também. Ele tenta transmitir os valores que fazem do Grupo de Santarém aquilo que o grupo é; ele tenta ter sempre o grupo muito unido; tenta que, acima de tudo, sejamos um grupo de amigos. Eu tenho uma grande admiração por ele, foi a pessoa com quem eu aprendi mais na vida de forcado. Eu com o Diogo estou sempre a aprender, para mim é uma referencia, para mim é a minha maior referência.
E qual foi a tua melhor pega de sempre, aquela em que te tenhas sentido mesmo muito bem, em que tenhas dito esta foi mesmo boa, que te tenha dado mesmo gozo pegar aquele toiro?
A 28 de Julho 2011 aqui no Campo Pequeno a um Teixeira. Aí senti mesmo o público com o Grupo.
Não achas que foi a partir desse dia que o público te começou a ver de maneira diferente e começa a reparar mais em ti?
Se o Miguel o diz... Mas talvez a partir dai me vejam com outros olhos. Mas foi essa pega, eu quando fui aos médios agradecer era a minha primeira ida aos médios, senti um arrepio.
Já tiveste dois cabos na tua vida de Forcado, o Pedro Graciosa e agora tens o Diogo Sepulveda. Como é óbvio são pessoas completamente diferentes! Como os descreves como pessoas, como forcados e como cabos?
O Graciosa, foi a pessoa que me levou para o grupo, foi com ele que comecei. Como forcado não me posso referir muito a ele porque não o vi, mas sei que foi um grande ajuda e rabejador do Grupo. É um grande homem que me ajudou bastante na integração do grupo, é uma pessoa pela qual tenho um grande carinho, gosto muito muito do Pedro.
O Diogo, o Diogo é difícil descrever o Diogo. É uma pessoa espectacular. Do Diogo já posso falar dele como pessoa, como forcado e como cabo. Como forcado é uma pessoa com quem aprendo muito e como pessoa também. Ele tenta transmitir os valores que fazem do Grupo de Santarém aquilo que o grupo é; ele tenta ter sempre o grupo muito unido; tenta que, acima de tudo, sejamos um grupo de amigos. Eu tenho uma grande admiração por ele, foi a pessoa com quem eu aprendi mais na vida de forcado. Eu com o Diogo estou sempre a aprender, para mim é uma referencia, para mim é a minha maior referência.
Tiraste-me a com a tua resposta a próxima pergunta, que era qual a tua maior referência como forcado?
Diogo Sepúlveda, sem dúvida nenhuma.
Além do teu cabo que acabas de dizer que para ti é uma referência, qual o forcado que que mais admiras dentro do teu grupo?
O João Goes. Somos muito amigos, mesmo muito amigos, é o meu melhor amigo.
Por tudo o que acabas de dizer, sobre o João Goes, foi por esse motivo que quando o viste maltratado na Nazaré que te ofereceste para o dobrar?
Se fosse outro também me tinha oferecido, mas sendo o Goes houve um extra naquele momento que me fez saltar logo para o ir dobrar, quando vi aquilo disse logo o toiro é meu e fui ao toiro.
Não deste volta nesse toiro porquê?
Diogo Sepúlveda, sem dúvida nenhuma.
Além do teu cabo que acabas de dizer que para ti é uma referência, qual o forcado que que mais admiras dentro do teu grupo?
O João Goes. Somos muito amigos, mesmo muito amigos, é o meu melhor amigo.
Por tudo o que acabas de dizer, sobre o João Goes, foi por esse motivo que quando o viste maltratado na Nazaré que te ofereceste para o dobrar?
Se fosse outro também me tinha oferecido, mas sendo o Goes houve um extra naquele momento que me fez saltar logo para o ir dobrar, quando vi aquilo disse logo o toiro é meu e fui ao toiro.
Não deste volta nesse toiro porquê?
Acho que não deve dar, nem que seja uma grande pega, é esta a minha maneira de ver as coisas. Mas voltando atrás gostava de referir que admiro muito o João Goes também muito pela história dele como forcado. Foi um forcado que começou e que também na Nazaré teve uma colhida grave e ficou a "dormir", teve uns períodos conturbados como forcado, quis deixar isto. Mas depois voltou com uma confiança e hoje é o grande forcado que todos conhecemos. É um forcado com quem eu também aprendo muito.
E dos outros grupos há um forcado que admires assim de uma forma especial?
Há muitos, mas vou-lhe dizer dois, apesar de muito diferentes: gosto muito de ver pegar o Vasco Pinto e o António Alfacinha.
Qual é a praça em que gostas mais de pegar?
Campo Pequeno.
Porquê?
Porque a praça quando está cheia, coisa que acontece normalmente quando vimos cá pegar, existe aqui uma empatia diferente, talvez por ser coberta sente se mais o público é uma praça acolhedora.
Já que falas em praça acolhedora, o contrário disso é praça de Santarém, existe alguma dificuldade acrescida de pegar em Santarém pelo tamanho da arena?
Acho que sim, uma praça com uma arena muito maior obriga o forcado da cara vir mais tempo na cara do toiro. Normalmente as pegas fecham-se nas tábuas, como aquelas tábuas estão mais longe a viagem é muito maior, mas quando as coisas correm bem é muito bonito.
Esta distância dificulta também a intervenção dos ajudas, principalmente quando se dão “vantagens” aos toiros como é apanágio no Grupo de Santarém.
Deve existir um Praça de toiros onde ainda não pegaste e gostavas muito de pegar?
Na Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira.
Já te pedi para falares dos teus cabos, dos teus colegas, das tuas pegas, das praças preferidas, vou-te pedir para me falares de uma pessoa especial para vocês, a Madrinha do vosso grupo Sra Dona Maria da Conceição Cabral.
É uma pessoa especial, que nos acarinha muito. Eu gosto muito dela, tem sempre uma palavra de ânimo, uma palavra especial e sofre muito pelo Grupo. É uma pessoa muito simples, é cinco estrelas eu gosto muito dela e sei que ela também gosta muito de mim. É uma madrinha que nos acompanha para todo o lado está sempre presente. Nós no grupo de Santarém sentimos muito o apoio da nossa madrinha.
A Festa dos toiros e em particular a figura do Forcado este ano de 2012 sentiu a dureza do toiro na praça, demonstrou a alguns que isto é a sério e não é nenhuma brincadeira, com o que aconteceu ao Nuno Carvalho "Mata". Como Forcado como é que se vive uma situação destas?
Vejo isto como uma tragédia, nestas alturas uma pessoa começa a pensar, começa a meter algumas reticências, quando isto acontece uma pessoa vai-se um bocado abaixo. Já quando foi do Forcado de Portalegre que morreu, nestas situações metemos muita coisa em causa. Isto não é uma brincadeira e às vezes as pessoas não tem muito a noção disso. Como lhe digo nestas alturas metemos muita coisa em causa, pensamos mais...
Pensaste desistir?
Não pensei. Mas também lhe digo se fosse um pessoa do meu grupo não sei o que faria, pensava de maneira diferente. Durante muito tempo andei a pensar nisto. Mas nunca pensei em desistir.
Queres deixar uma palavra ao Mata?
Quero! Que acredite, que nós acreditamos!
Para o ano vais continuar a envergar a jaqueta do teu Grupo?
Se Deus quiser sim.
João nos dias de corrida ou melhor dizendo nos dias que antecedem uma corrida existe alguma mudança de hábitos na tua vida do dia a dia?
Nada de especial. Nos dias de corrida tento sempre dormir bem para estar mais descansado.
Consegues dormir isso já é bom!
Sim, sim consigo dormir, sempre consegui e bastante. Isso do dormir nunca foi um problema para mim. No dia que isso acontecer é sinal que estamos mal.
Acabaste agora o Curso de Engenharia Civil e já estás a trabalhar, certo?
Sim.
Como é que os teus colegas de trabalho vêm o seres Forcado?
Estou a trabalhar hà pouco tempo e ainda não sabem. Eu estou numa obra sozinho, ainda não tenho trabalho de secretária.
E o teu patrão sabe que és forcado?
Sabe porque o meu pai lhe disse! Mas não falamos sobre isso.
E a tua família?
A minha família já está habituada, o meu irmão e tios também já foram Forcados. Mas eu e o meu irmão somos filhos de pais diferentes. O meu pai não é muito aficionado, mas vai às vezes às corridas de toiros. A minha mãe vai lá nos Açores ás corridas e até gosta, a mim nunca me viu pegar ao vivo, foi sempre pela televisão. Já o meu pai me viu pegar duas ou três vezes ao vivo, aparece sem dizer nada, nunca que peguei soube que lá estava o meu pai e só na volta é que o vi na bancada.
E qual é a sensação de veres depois de pegares um toiro o teu pai na bancada a aplaudir o filho?
Nem lhe consigo dizer, fiquei muito muito contente de o ver. E apesar de não ser muito aficionado aparece de vez em quando e acima de tudo respeita a minha decisão.
Mas vai aos toiros ao menos para te ver pegar!
Pois, foi a Santarém ver o Grupo pegar os sete Graves e este ano também foi a Santarém ver os seis Castros.
O seu pai também escolhe as corridas a dedo...
Pois, porque como eram corrida de 7 e 6 toiros a probabilidade de pegar era maior, pelos menos assim tinha quase a certeza que ia pegar. E isso ele sabe, porque normalmente pergunta-me se acho que vou pegar. E nessas devo ter dito: Tenho a certeza!
Tens duas alcunhas no seio do teu Grupo, Pauleta e Messi, depreendo que seja um artista também com a bola...
Gosto muito de jogar à bola mas não sou nenhum artista. Sou o Pauleta por ser dos Açores foi o António Grave que me deu esta alcunha, a do Messi não faço a mínima ideia.
João, como Português, Açoriano Terceirense, Forcado e acima de tudo como Homem queres dizer alguma coisa a essas criaturas que se dizem Anti Taurinos?
A única coisa que lhe peço é que nos respeitem que respeitem a Festa dos Toiros que já tem muitos e muitos anos, como nós os respeitamos a eles. Nós não lhe pedimos para serem aficionados, mas que nos deixem em paz.
João pegar num Grupo que está quase a comemorar 100 anos, tem alguma responsabilidade acrescida?
Com quase 100 anos de história, com todos os toiros pegados, a responsabilidade de pegar no Grupo de Santarém é enorme. Sabemos que temop de dar o exemplo e não podesmo deixar mal todos aqueles que têm feito este Grupo ao longo dos anos. No entanto, dentro de praça tento estar 100% concentrado com o toiro e deixar todas as pressões para fora de praça. Se fosse pensar em tudo o resto era mais uma pressão que tinha em cima. Quando estou na praça é para estar concentrado e tentar abstrair de tudo o resto.
Queres deixar uma mensagem para o ano e temporada que se aproxima?
Apesar dos momentos de grande austeridade para as famílias que estamos a atravessar, espero que não deixem de ir aos toiros e de encher as nossas praças e que não deixem de defender a cultura mais antiga e nobre de Portugal: a corrida de toiros à portuguesa.
E dos outros grupos há um forcado que admires assim de uma forma especial?
Há muitos, mas vou-lhe dizer dois, apesar de muito diferentes: gosto muito de ver pegar o Vasco Pinto e o António Alfacinha.
Qual é a praça em que gostas mais de pegar?
Campo Pequeno.
Porquê?
Porque a praça quando está cheia, coisa que acontece normalmente quando vimos cá pegar, existe aqui uma empatia diferente, talvez por ser coberta sente se mais o público é uma praça acolhedora.
Já que falas em praça acolhedora, o contrário disso é praça de Santarém, existe alguma dificuldade acrescida de pegar em Santarém pelo tamanho da arena?
Acho que sim, uma praça com uma arena muito maior obriga o forcado da cara vir mais tempo na cara do toiro. Normalmente as pegas fecham-se nas tábuas, como aquelas tábuas estão mais longe a viagem é muito maior, mas quando as coisas correm bem é muito bonito.
Esta distância dificulta também a intervenção dos ajudas, principalmente quando se dão “vantagens” aos toiros como é apanágio no Grupo de Santarém.
Deve existir um Praça de toiros onde ainda não pegaste e gostavas muito de pegar?
Na Monumental Praça de Toiros da Ilha Terceira.
Já te pedi para falares dos teus cabos, dos teus colegas, das tuas pegas, das praças preferidas, vou-te pedir para me falares de uma pessoa especial para vocês, a Madrinha do vosso grupo Sra Dona Maria da Conceição Cabral.
É uma pessoa especial, que nos acarinha muito. Eu gosto muito dela, tem sempre uma palavra de ânimo, uma palavra especial e sofre muito pelo Grupo. É uma pessoa muito simples, é cinco estrelas eu gosto muito dela e sei que ela também gosta muito de mim. É uma madrinha que nos acompanha para todo o lado está sempre presente. Nós no grupo de Santarém sentimos muito o apoio da nossa madrinha.
A Festa dos toiros e em particular a figura do Forcado este ano de 2012 sentiu a dureza do toiro na praça, demonstrou a alguns que isto é a sério e não é nenhuma brincadeira, com o que aconteceu ao Nuno Carvalho "Mata". Como Forcado como é que se vive uma situação destas?
Vejo isto como uma tragédia, nestas alturas uma pessoa começa a pensar, começa a meter algumas reticências, quando isto acontece uma pessoa vai-se um bocado abaixo. Já quando foi do Forcado de Portalegre que morreu, nestas situações metemos muita coisa em causa. Isto não é uma brincadeira e às vezes as pessoas não tem muito a noção disso. Como lhe digo nestas alturas metemos muita coisa em causa, pensamos mais...
Pensaste desistir?
Não pensei. Mas também lhe digo se fosse um pessoa do meu grupo não sei o que faria, pensava de maneira diferente. Durante muito tempo andei a pensar nisto. Mas nunca pensei em desistir.
Queres deixar uma palavra ao Mata?
Quero! Que acredite, que nós acreditamos!
Para o ano vais continuar a envergar a jaqueta do teu Grupo?
Se Deus quiser sim.
João nos dias de corrida ou melhor dizendo nos dias que antecedem uma corrida existe alguma mudança de hábitos na tua vida do dia a dia?
Nada de especial. Nos dias de corrida tento sempre dormir bem para estar mais descansado.
Consegues dormir isso já é bom!
Sim, sim consigo dormir, sempre consegui e bastante. Isso do dormir nunca foi um problema para mim. No dia que isso acontecer é sinal que estamos mal.
Acabaste agora o Curso de Engenharia Civil e já estás a trabalhar, certo?
Sim.
Como é que os teus colegas de trabalho vêm o seres Forcado?
Estou a trabalhar hà pouco tempo e ainda não sabem. Eu estou numa obra sozinho, ainda não tenho trabalho de secretária.
E o teu patrão sabe que és forcado?
Sabe porque o meu pai lhe disse! Mas não falamos sobre isso.
E a tua família?
A minha família já está habituada, o meu irmão e tios também já foram Forcados. Mas eu e o meu irmão somos filhos de pais diferentes. O meu pai não é muito aficionado, mas vai às vezes às corridas de toiros. A minha mãe vai lá nos Açores ás corridas e até gosta, a mim nunca me viu pegar ao vivo, foi sempre pela televisão. Já o meu pai me viu pegar duas ou três vezes ao vivo, aparece sem dizer nada, nunca que peguei soube que lá estava o meu pai e só na volta é que o vi na bancada.
E qual é a sensação de veres depois de pegares um toiro o teu pai na bancada a aplaudir o filho?
Nem lhe consigo dizer, fiquei muito muito contente de o ver. E apesar de não ser muito aficionado aparece de vez em quando e acima de tudo respeita a minha decisão.
Mas vai aos toiros ao menos para te ver pegar!
Pois, foi a Santarém ver o Grupo pegar os sete Graves e este ano também foi a Santarém ver os seis Castros.
O seu pai também escolhe as corridas a dedo...
Pois, porque como eram corrida de 7 e 6 toiros a probabilidade de pegar era maior, pelos menos assim tinha quase a certeza que ia pegar. E isso ele sabe, porque normalmente pergunta-me se acho que vou pegar. E nessas devo ter dito: Tenho a certeza!
Tens duas alcunhas no seio do teu Grupo, Pauleta e Messi, depreendo que seja um artista também com a bola...
Gosto muito de jogar à bola mas não sou nenhum artista. Sou o Pauleta por ser dos Açores foi o António Grave que me deu esta alcunha, a do Messi não faço a mínima ideia.
João, como Português, Açoriano Terceirense, Forcado e acima de tudo como Homem queres dizer alguma coisa a essas criaturas que se dizem Anti Taurinos?
A única coisa que lhe peço é que nos respeitem que respeitem a Festa dos Toiros que já tem muitos e muitos anos, como nós os respeitamos a eles. Nós não lhe pedimos para serem aficionados, mas que nos deixem em paz.
João pegar num Grupo que está quase a comemorar 100 anos, tem alguma responsabilidade acrescida?
Com quase 100 anos de história, com todos os toiros pegados, a responsabilidade de pegar no Grupo de Santarém é enorme. Sabemos que temop de dar o exemplo e não podesmo deixar mal todos aqueles que têm feito este Grupo ao longo dos anos. No entanto, dentro de praça tento estar 100% concentrado com o toiro e deixar todas as pressões para fora de praça. Se fosse pensar em tudo o resto era mais uma pressão que tinha em cima. Quando estou na praça é para estar concentrado e tentar abstrair de tudo o resto.
Queres deixar uma mensagem para o ano e temporada que se aproxima?
Apesar dos momentos de grande austeridade para as famílias que estamos a atravessar, espero que não deixem de ir aos toiros e de encher as nossas praças e que não deixem de defender a cultura mais antiga e nobre de Portugal: a corrida de toiros à portuguesa.
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