ENTREVISTAS - João Pedro Oliveira - Cabo dos Amadores de Évora (1989-2001)

Entrevista realizada por GFAÉ


João Pedro Oliveira foi o 2º Cabo da história do Grupo de Forcados Amadores de Évora, fardou-se pela primeira vez com com 17 anos, no dia 5 de Agosto de 1977,na Monumental do Montijo e comandou o Grupo desde 1989 até 2001 ano em que se despediu.
São poucas as palavras para elogiar esta figura emblemática do nosso grupo, agradecemos desde já a sua disponibilidade para esta grande entrevista e tudo o que fez pelo GFAÉ.

É com enorme prazer que respondo ao questionário por ti enviado, pois é a altura propícia para relembrar e viver o GFAÉ, neste ano que ocorrem as comemorações do cinquentenário. É fundamental que todos os que tiveram o privilégio de vestir a jaqueta reencontrem amizades e reacendam laços que a vida condicionou com o passar dos anos.

1-Como é do conhecimento de todos foi o 2º Cabo na história do nosso grupo (1989-2001) explique-nos um pouco o que é liderar um grupo de forcados e aquilo que é para si o Grupo de forcados Amadores de Évora…

Em relação a como é liderar um grupo de forcados, no meu caso foi exteriorizar a minha enorme paixão pelo Grupo, não deixando de ser muito rigoroso comigo próprio em tudo o que se relacionava com o mesmo e fomentar uma enorme amizade entre todos, pois é sem dúvida, a pedra de toque para uma vivência sã e alcançar o êxito e consolidar tradições existentes no Grupo pois são o fermento do pão que alimenta a alma de todos os que se põem diante de tamanho desafio como é enfrentar um touro ou compartir em grupo tantas jornadas e irreverência própria da juventude.
O Grupo de Forcados Amadores de Évora é para mim uma paixão tanto pelos desafios como pelas amizades criadas defronte do perigo e algumas vezes nas adversidades e dor, mas também na glória de perpetuar o nome do grupo com embaixador de tão nobre arte de pegar touros.

2- Que idade tinha quando se vestiu de forcado pela primeira vez e como começou o seu gosto pelo touro bravo?
Fardei-me pela primeira vez com 17 anos, no dia 5 de Agosto de 1977,na Monumental do Montijo, embora já tivesse iniciado a minha fase de treino e assimilação da técnica tanto como hábitos dois anos antes.
O meu gosto pela atividade de pegar touros já existia na família pois o meu pai, além de grande aficionado, também teve uma breve passagem pelos forcados na sua juventude, mas o que me levou definitivamente a ir, foi o meu irmão Mário, não só por ser o mais velho, mas porque para mim era sem dúvida um exemplo a seguir, e como não podia deixar de acontecer ainda não pensava vir a ser forcado já vivia o Grupo de perto, pois a minha família acompanhava exaustivamente o grupo, interiorizando com muita facilidade esta paixão pelo Grupo de Forcados Amadores de Évora. Alimentada nos anos seguintes com a entrada do meu irmão Paulo, de seguida vieram os meus sobrinhos Pedro (filho do Mário), António Paula Soares (filho da Tita e do Paleca), Guilherme (filho do Mário), João Pedro Oliveira “Guga”, (meu filho), Francisco (filho do Mário), Afonso (filho da Nela), motivos mais que suficientes para continuar a viver intensamente esta paixão, agora, com mais preocupação mas sempre com uma garra e predisposição para ajudar o Grupo a alcançar os desejos dum futuro risonho e de glória.

3- São muitos anos a acompanhar o Grupo, como antigo Cabo o que mais o orgulha quando vê o seu grupo saltar a praça para pegar um toiro?

Nesta altura, quando vejo o meu Grupo saltar p’ra pega vai muito, se saiu em sorte ao meu filho, pois aumenta o grau de ansiedade, mas o sentimento que prevalece é a nostalgia dos tempos vividos, depois vêm o orgulho de ter pertencido a tão seleta estripe de homens e finalmente o agradecimento a todos os que me deram a oportunidade de ter disfrutado de maneira tão intensa e continuar a viver e sentir-me vivo tarde após tarde dentro desta família.

4- Quais foram os forcados que mais o marcaram (antigos e/ou actuais)?
Em relação aos forcados que mais me marcaram, seria exaustivo de enumerar ou correria o risco de me esquecer de algum o que seria de todo injusto, mas todos eles têm conhecimento que os guardo a todos no meu coração.
Sempre disse e continuo a acreditar que dentro de um Grupo todos são importantes e todos fazem falta. O Público se encarrega do reconhecimento da atuação de cada um, esse sim, é o que importa, para cimentar e proclamar o nome do Grupo Geração após Geração!

5- Quantos touros pegou? Quantas épocas esteve no activo?
Pergunta indiscreta. Não fui forcado com um número de realce, mas de qualquer maneira não quero que se fique a especular. Foram somente 18 touros. Gostaria que fossem mais, mas as minhas limitações técnica remeteram-me para as ajudas. Não que tenha vindo para umas funções menos importantes e desde já quero prestar uma justíssima homenagem aos ajudas que muitas vezes mereciam muito mais reconhecimento de todos.
Épocas no ativo, foram 24. Para alguns demasiado, para outros escassas. Foram sem sombra de dúvidas cheias de momentos que jamais esquecerei.

6- Qual o momento, ou momentos, que melhores recordações lhe trazem?

São inúmeros, mas não posso deixar de recordar estes pelo enorme sentimento emocional que carregam, a primeira ajuda ao meu irmão Paulo, no dia do seu aniversário, no seu regresso ao ativo após 13 anos de interregno motivado pela colhida no Concurso de Ganadarias, em 1981, com fratura de uma perna que o remeteu para a cama do hospital pelo período de 18 meses e muitos mais, pela recuperação, voltando a enfrentar o nobre inimigo, na digressão à Colômbia, mais propriamente na Praça de Manizales em 1994-01-23 e a minha primeira ajuda ao meu filho na Corrida de Pais e Filhos, mais pelo simbolismo, pela minha idade, não dele! e porque nessa pega reencontrei amigos de outros tempos.
Para culminar o toiro da minha despedida pelo que representava e porque levava atrás de mim 5 elementos da minha família.

7-Tem alguma história engraçada dos seus tempos de forcado que gostasse de partilhar connosco?
Tirando a minha apetência para perder os aviões nas digressões, recordo nas Sanjoaninas, estava eu já recolhido no quarto, tocam à porta para confirmar se o Fiat que se encontrava defronte do hotel era meu. Após deambular pelos corredores ocorreu-me que o meu irmão Mário tinha alugado um carro com essas características. De pronto dirigi-me ao seu quarto. Após bater repetidas vezes lá me abriu a porta bastante ensonado. Interpelado pelo agente da autoridade afirmando que tinha o carro mal estacionado, de pronto corrigido pelo Mário de que não era possível pois não tinha visto qualquer sinal de impedimento de estacionar, refutado de imediato pelo Sr. Agente, que o meu irmão não podia ver o sinal pois o mesmo encontrava-se debaixo da viatura.
Após mandar recolher todos aos quartos para preparar o regresso ao continente, e depois de demover o Sr. Agente de instaurar qualquer contra-ordenação, deve ser de família porque o meu irmão também perdeu o avião de regresso por ter despacho os bilhetes junto com a bagagem. Só o Mário!

8-Que mensagem gostava de deixar aos antigos, actuais e futuros forcados do Grupo de Forcados Amadores de Évora no ano em que comemoram 50 Anos de existência?
Só posso pedir que todos os que passaram, atuais e futuros nunca esqueçam que o mais importante, acima dos homens está a instituição, Grupo de Forcados Amadores de Évora, que sempre sobreviveu á erosão dos tempos e à vaidade e teimosia dos homens, fruto da amizade que nos une.
Venha vinho, venha vinho
Bota abaixo!

Resposta rápida:


9 - Defina o GFAÉ numa só palavra.
Paixão

10 -Qual a praça que lhe dava mais gosto pegar?

Évora

11 -Qual o melhor momento como Forcado?

Quando dei primeira ajuda ao meu filho.

12 - A sua melhor pega/ajuda?
Toiro da despedida

13 -Ganadaria de eleição?
Passanha

14 - Cavaleiro de eleição?
João Moura

15 -Toureiro de eleição?

Vitor Mendes

16 -Praça de eleição?
Évora

17 -Farda-se no São Pedro?
Sim.


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