No passado dia 28 de Março recebemos o seguinte e-mail do senhor Juliano Paulo César Camacho:
"Sou um estudioso inveterado de tudo o que diga respeito aos forcados (principalmente nos anos 20, 30 e 40), nesse sentido, também li o livro do Dr. António de Moraes sobre os Amadores de Lisboa, que gostei bastante.
No entanto, e sobre os fundadores dos Amadores de Lisboa (Luís Filipe Nunes Dias, irmãos Salvação Barreto, Vítor Guerreiro etc), apesar de bem escalpelizada toda a história, ficou-me na retina dois forcados, Aníbal Albuquerque e José Timóteo de Montemor, cuja vida quase nada foi retratada no mesmo, ao contrário de todos os outros. Nesse sentido, gostaria, se fosse possível, de saber mais sobre estes fundadores do GFAL."
No entanto, e sobre os fundadores dos Amadores de Lisboa (Luís Filipe Nunes Dias, irmãos Salvação Barreto, Vítor Guerreiro etc), apesar de bem escalpelizada toda a história, ficou-me na retina dois forcados, Aníbal Albuquerque e José Timóteo de Montemor, cuja vida quase nada foi retratada no mesmo, ao contrário de todos os outros. Nesse sentido, gostaria, se fosse possível, de saber mais sobre estes fundadores do GFAL."
Aqui fica a resposta do nosso Carlos Patrício Alvares "Chaubet"
De entre os que são do primórdio, Aníbal de Albuquerque, foi quem levou mais a sério a formação do G.F.A. de Lisboa. Quase se pode dizer que, num certo aspecto, se deve a ele a sua sobrevivência.
Onde é hoje a Gulbenkian havia, nos anos quarenta, a chamada Feira Popular da Palhavã. Existia nela, uma pequena praça de toiros onde voluntários brincavam com vacas e garraios. Os rapazes que se juntavam num café das redondezas -A Cubana- e entre os quais estava o Aníbal de Albuquerque, por sinal o mais "velho" (22 anos), tornaram-se frequentadores diários dessa pracinha. Tal facto levou o Nuno Salvação Barreto,outro dos habituais, também por tal sinal o mais novo (15/16 anos) a sugerir a constituição de um grupo de forcados. Ideia logo aceite. Igualmente ocasião para o Aníbal de Albuquerque se ter tornado fundamental para a coesão burocrática desse Grupo.
Novos, irrequietos, indisciplinados e boémios, levando o pegar toiros de forma fútil, era o Aníbal que impunha certa ordem nas "hostes". Muitas vezes, quando para uma nova corrida algum dava por falta da cinta, calções ou mesmo jaqueta, perdida nos festejos após anterior actuação, era ele que aparecia com a peça em falta. Tivera o cuidado de, prevendo os naturais esquecimentos que uma exagerada devoção a Baco provoca, a guardara.
Nos primeiros contratos que se fizeram, antes do Grupo ter adquirido nome e começar a ser convidado, era ele que abria o caminho. O primeiro a contactar o empresário e a combinar o encontro com o Nuno. Também num período em que o G.F.A.Lisboa esteve desfalcado, devido a elementos que foram trabalhar para fora de Portugal Continental, foi ele e José Cruz e Silva que ajudaram o Grupo a manter-se na ribalta. O José Cruz e Silva, curiosamente, "recrutado à traição". Desafiado para um passeio -"arranjamos-te um bilhete e bebemos uns copos" viu-se, quase sem dar por isso, com uma farda vestida. O pretexto...para o grupo não aparecer nas cortesias desfalcado. Sem os oito tradicionais. Anuiu por amizade e camaradagem, tomou-lhe gosto e, durante o tempo que esteve no Grupo, representou-o com distinção. Chamámos a este tipo de recrutamento "bilhete com mangas".
José Timóteo Pereira conheço ainda melhor. Começámos por actuar os dois, durante época e meia no grupo de que era Cabo o Duarte Noronha. Quando ingressei no G.F.A.Lisboa, o José Timóteo Pereira veio comigo. Foi uma mais valia para o Grupo. Com a sua entrada as suas actuaçoes valorizaram-se. Valente, experiente, voluntariava-se sempre para o mais difícil. Grande primeiro ajuda, cernelheiro ou o que fosse preciso. Entrado num período difícil, de poucos elementos, foi um dos que mais contribuiu para a implantação do G.F.A.L. Tendo emigrado para o Brasil, por uns tempos o grupo ressentiu-se da sua falta.
Foi bom recordar estes AMIGOS. Recordar é viver. OBRIGADO! sempre que quiserem...
Onde é hoje a Gulbenkian havia, nos anos quarenta, a chamada Feira Popular da Palhavã. Existia nela, uma pequena praça de toiros onde voluntários brincavam com vacas e garraios. Os rapazes que se juntavam num café das redondezas -A Cubana- e entre os quais estava o Aníbal de Albuquerque, por sinal o mais "velho" (22 anos), tornaram-se frequentadores diários dessa pracinha. Tal facto levou o Nuno Salvação Barreto,outro dos habituais, também por tal sinal o mais novo (15/16 anos) a sugerir a constituição de um grupo de forcados. Ideia logo aceite. Igualmente ocasião para o Aníbal de Albuquerque se ter tornado fundamental para a coesão burocrática desse Grupo.
Novos, irrequietos, indisciplinados e boémios, levando o pegar toiros de forma fútil, era o Aníbal que impunha certa ordem nas "hostes". Muitas vezes, quando para uma nova corrida algum dava por falta da cinta, calções ou mesmo jaqueta, perdida nos festejos após anterior actuação, era ele que aparecia com a peça em falta. Tivera o cuidado de, prevendo os naturais esquecimentos que uma exagerada devoção a Baco provoca, a guardara.
Nos primeiros contratos que se fizeram, antes do Grupo ter adquirido nome e começar a ser convidado, era ele que abria o caminho. O primeiro a contactar o empresário e a combinar o encontro com o Nuno. Também num período em que o G.F.A.Lisboa esteve desfalcado, devido a elementos que foram trabalhar para fora de Portugal Continental, foi ele e José Cruz e Silva que ajudaram o Grupo a manter-se na ribalta. O José Cruz e Silva, curiosamente, "recrutado à traição". Desafiado para um passeio -"arranjamos-te um bilhete e bebemos uns copos" viu-se, quase sem dar por isso, com uma farda vestida. O pretexto...para o grupo não aparecer nas cortesias desfalcado. Sem os oito tradicionais. Anuiu por amizade e camaradagem, tomou-lhe gosto e, durante o tempo que esteve no Grupo, representou-o com distinção. Chamámos a este tipo de recrutamento "bilhete com mangas".
José Timóteo Pereira conheço ainda melhor. Começámos por actuar os dois, durante época e meia no grupo de que era Cabo o Duarte Noronha. Quando ingressei no G.F.A.Lisboa, o José Timóteo Pereira veio comigo. Foi uma mais valia para o Grupo. Com a sua entrada as suas actuaçoes valorizaram-se. Valente, experiente, voluntariava-se sempre para o mais difícil. Grande primeiro ajuda, cernelheiro ou o que fosse preciso. Entrado num período difícil, de poucos elementos, foi um dos que mais contribuiu para a implantação do G.F.A.L. Tendo emigrado para o Brasil, por uns tempos o grupo ressentiu-se da sua falta.
Foi bom recordar estes AMIGOS. Recordar é viver. OBRIGADO! sempre que quiserem...
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