"Os bois pelos nomes"

O médico e antigo forcado do Aposento da Moita, António Peças, publicou um artigo com o título "Os bois pelos nomes", no jornal estremocense Brados do Alentejo, edição nº 792, de 6 de Setembro, inserido na coluna "Cortesias", espaço assinado pelo cirurgião estremocense.

Pela forma como me tocou este texto, não poderia deixar de o transcrever na integra.

"No passado dia 30 de Agosto desloquei-me a Lisboa, à praça de touros do Campo Pequeno, para observar “in loco” o meu grupo de forcados a pegar na corrida da RTP.
Fui ao quarto do hotel desejar sorte a todos, ajudar a fazer uns nós de gravata e fiz um pequeno discurso para moralizar, ainda mais, o grupo.
Para pegar o 5º da noite foi o forcado Nuno Mata. Não conseguiu ficar na cara do touro, caiu de costas e num movimento tipo “cambalhota para trás” foi comprimido na região cervical pelo touro e ficou imobilizado na arena…
Quem é médico e foi forcado percebe, imediatamente, que algo de grave se passa… Aquele pescoço, aquela inércia corporal, aquela posição dos braços e das mãos…
Passei pela enfermaria para confirmar que o Nuno ia ser transportado para o Hospital de Santa Maria e fui para lá, esperá-lo.
Conhecia bem os cirurgiões que estavam de urgência, contei a história e permitiram-me que fosse eu a observá-lo: ausência de sensibilidade e força a partir de uma linha horizontal um pouco acima dos mamilos.
Gelei…!!
Balbuciei qualquer coisa quando o Nuno me perguntou se ia ficar sem andar o resto da vida…
E não contive a emoção quando ele, o mais consciente de todos, me disse que queria morrer.
Acompanhei-o à TAC e à RMN, porque ele me pediu para não o deixar sozinho… Nesses exames confirmou-se a enorme gravidade do quadro: a medula parecia não estar seccionada mas estava garantidamente lesada.
Operado na 6ª-f, confirmaram-se os piores receios: um rapaz de vinte e sete anos nunca mais na vida se vai mexer…!
Esta história é, só por si, uma tragédia.
Seja um forcado, um artista de circo ou um motociclista!
A onda de solidariedade tem sido impressionante!
No entanto, essa escumalha que se intitula protectora dos animais tem feito questão de se vangloriar pelo sucedido!
Tenho lido comentários que julgava impossíveis, nos quais só acreditei depois de confirmar pessoalmente, vindos de quem se diz tão moralmente avançado e civilizado!
Acho que os touros, se pudessem, não gostariam de ser defendidos por estes animais!
Penso que todos os toiros que peguei na vida eram mais nobres do que esta gentalha!
Julgo que lhes deveremos responder fisicamente da próxima vez que nos insultarem, como tradicionalmente fazem nos seus “ajuntamentos” à porta das praças! O perigo vem deles, porque nunca houve necessidade da presença de forças de intervenção em praças de touros!
Estou farto dos direitos das minorias! Enjoo quando vejo jovens terem tempo para participarem em manifestações mesquinhas! Rejubilo quando ouço uma deputada dizer que o BE teve menos votantes do que os espectadores televisivos de uma tourada!
Desejo, àqueles que ladraram felizes pelo sucedido ao Nuno, que numa estrada qualquer um touro bravo lhes entre pelo vidro do carro e depois de os cobrir com a sua bosta lhes arranque as cabeças com as suas hastes afiadas!
Eu seria um acérrimo defensor desses animais!!!"
António Peças


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