A ORIGEM DO «MOÇO DE FORCADO»

- José Barrinha Cruz – 
 -   «MONTEIRO DE CHOCA - Nome por que, primitivamente foram designados os moços de forcado.
      Quando a acção de pegar  toiros principia a fazer parte do espectáculo taurino, aos primeiros indivíduos que aparecem para a realizar é  dado a designação de “monteiros de choca”, que equivale à expressão mais tarde usada e segundo a qual se lhes chamava “moços de curro”. Quer isto dizer que em tal tempo a pega se apresentava mais ligada à campina do que à arena, nesta se exibindo como uma espécie de novidade. Os «monteiro de choca» usavam durante a lide uma indumentária muito semelhante à que , em Espanha, era adoptado do século XVII.   Sapato de atanado, meia branca, calção de veludo, colete de cabedal (justo,  em forma de couraça) com um largo cinturão de fivela metálica e chapéu desabado, de feltro, no género daquele ainda usado pelos «forcados» actuais,  durante as «cortesias». Tal identidade pode nada significar mas, também, pode levar a acreditar que ao surgirem as «pegas» nas arenas taurinas, elas seriam feitas com os toiros em pontas.

-    MONTEIRO DE FORCADO -  O mesmo do que  «monteiro”  de choca». Não é porém, designação tão antiga como esta  e representa já a intenção de  separar a acção dos «moços de forcado» de qualquer trabalho próprio da lezíria, muito embora a palavra «monteiro» ainda nos fale do campo.

-     MOÇOS DE CURRO - O mesmo que “careca”; empregado ao serviço dos curros, numa praça de toiros. Cada um dos indivíduos que, nas antigas corridas de amadores desempenhava o papel de campino, na recolha dos toiros, a pé ou a cavalo, chegando,
algumas vezes, a realizar as “pegas”.
No século XIX, quando a «pega» já se achava perfeitamente integrada na estrutura da tourada portuguesa e eram muito frequentes as corridas de amadores, o grupo de moços de curro chegava a ser constituído por 7 ou 8 unidades  designadas por um deles, a que se dava o nome de «maioral» ou «abegão».  Além da recolha das reses, competia também ao grupo, pegar aqueles toiros que o director de corrida julgasse conveniente, especialmente quando a pega de cernelha era a indicada. Muitos dos antigos «amadores» iniciaram a sua actividade taurina, figurando como ”moços de curro” nas corridas dessa época.
Atente-se ao texto de um programa, referindo uma corrida de toiros efectuada a 26 de Abril de 1874, na Praça de Toiros do “Príncipe D. Carlos”: «os homens de forcado, farão as pegas que lhes foram destinadas».

-    «MOÇOS DE FORCADO - Cada um dos componentes do grupo de indivíduos que, na tourada portuguesa tem a seu cargo «pegar» os toiros na chamada lide «à portuguesa», grupo que, regra geral se compõe de oito unidades.
Muito embora esteja fora de dúvida que a «pega» já se realizava em Portugal na primeira metade do século XVII, esse facto não implica a presença de grupos de «moços de forcado» que só aparecem, perfeitamente constituídos  nos meados do século XIX  como consequência dos antigos conjuntos   estabelecidos  primeiro pelos «monteiros de choca» e, depois, pelos «moços de curro».  Quando surgem os grupos de «moços de forcado», têm carácter profissional e os amadores, ao aparecerem fazem-no como «moços de curro», dirigidos por um «abegão», em substituição do «cabo». Estas designações ainda se podem encontrar  com certa frequência nos programas de corridas de amadores até ao final do século XIX, muito embora, nos últimos anos, o facto apenas tivesse expressão evocativa porquanto os conjuntos amadores já nessa altura, pela acção e pelo traje, se podem considerar verdadeiros grupos de «moços de forcado». E no século XX, já sem preocupação de distinção, os amadores chamaram a si a primazia da execução, o que se tem acentuado nos últimos anos do século passado, com o acabar dos profissionais em meados do século XX.
O «moço de forcado» traja durante a lide jaqueta de lã com ramagens claras sobre fundo escarlate, camisa branca de colarinho de volta, gravata e cinta vermelha, calção de anta, meia branca e sapato de atanado, na sua cor natural. Na cabeça usa o portuguesíssimo barrete verde com borla e lista vermelha e, nas «cortesias», chapéu de feltro de largas abas e fita na base da copa.
Antigamente, fazia também parte da indumentaria do «moço de forcado» um colete apertado com uma espécie de atacador de cordão vermelho e uma sobre jaqueta de flanela preta que se exibia, ao ombro, apenas durante as «cortesias».

José Barrinha Cruz (13.03.2012)


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