"O toureio é mais glória que tragédia" - Joaquim Grave

Sobre os acidentes que ocorreram no passado sábado em Coruche, e a esperada reacção de uma certa classe política, passo estas palavras que me brotaram como um alerta e deixo aos amigos de Murteira Grave.
Esta forma de nos mentirem para nos proteger. Este modo de domesticar a vida e a morte. Esta forma de globalizar com anestesia tudo o que não encaixa na razão. Essa forma de ocultar a paixão não vá acontecer, que seja verdade e peçamos bis. A mesma forma de nos subtraírem a dor. Porque dói. Esta é uma sociedade onde faltam os poetas, a literatura, a pintura, o génio, o carácter, o talento, o medo e o valor. 

É por isso que, sendo o toureio um espectáculo não globalizável, não domesticado, despegado da racionalidade, estamos no limite da lei e da suposta ordem. Não é o animal toiro que desajusta a sociedade, é o animal homem que a deixa perplexa: a morte. A de um cavalo, por exemplo. Tão irracional?! Que os assusta. 

O animal homem é o que preocupa a esta sociedade do conforto globalizado que decide como, quando, onde e por quê uma pessoa tem que morrer. E o que é pior, decide como, onde, quando e porquê e até com quem se há-de viver. Este animal homem, é quem ofende, descontextualiza, o que não tem uma explicação lógica e para ele torna-se inexplicável. E já se sabe que o que não se pode explicar, o melhor é tentar proibir. Porque o inexplicável não só não se domestica, é rebelião. Rebeldia.

O toureio é isso na vida e na morte, pura actividade apaixonada sem explicação razoável ou cartesiana ou lógica ou matemática. O toureio não oculta o que esta sociedade oculta porque não domina, porque lhe dá medo: a vida e a morte. O cavalo Xeque Mate morreu de uma cornada de um toiro, não morreu de uma pneumonia. Morreu do que morrem às vezes os toureiros. De um ataque de paixão. A paixão pode matar-te, mas seguramente faz-te viver.
E isso, a esta sociedade, dá-lhe pânico
O toureio é mais glória que tragédia, mas às vezes os acidentes trágicos acontecem. É precisamente isso que engrandece a Festa dos toiros, porque na arena tudo é verdade, morre-se de verdade, não se representa. É precisamente isso que esta sociedade doente não entende.

Joaquim Grave
Julho de 2019

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