É com tristeza que o Grupo de Santarém informa todos
os seus elementos e amigos que faleceu esta segunda-feira, 18 de Maio, o
Senhor António Eugénio Cortes Paim dos Reis, aos 95 anos de idade.
Haverá missa pela sua alma, hoje às 19 horas na Igreja da Misericórdia em Benavente.
Lavrador
e Industrial, nascido em 1920, pai de 6 filhos e avô de 6
netos era, até à data, o mais antigo Forcado do Grupo de Santarém vivo.
“A minha
vida com Forcado começou por andar a estudar na Escola Agricola,
existindo um Grupo de Forcados em que pegávamos nas Garraiadas e
noutras brincadeiras, só que nessa altura também toureava a cavalo, até
que o Gabriel Barata, me desafiou a ir para o Grupo de Santarem em 1937”
António Paim (no "Correio do Ribatejo")
Começou
a fardar-se em 1937, altura em que o Grupo era ainda comandado pelo
Cabo fundador, António Gomes de Abreu. Foi um forcado de eleição, fosse a
pegar de caras ou a ajudar, numa altura decisiva da tauromaquia em
Portugal, durante a qual se elevou a pega à categoria de arte
do toureio, estabelecendo os terrenos, o cite de largo, o recuo e o
momento da reunião, tendo então o Grupo de Santarém desempenhado um
papel de destaque absoluto.
"Quando havia 8 já
eram muitos, e as corridas eram todas de 8 toiros, por isso quando as
coisas não corriam bem tínhamos de nos fazer a mais de 1 toiro por
corrida. Na altura começaram também as corridas mistas, o que nos dava
um descanso maior quando isso sucedia.
Uma
vez no Montijo, fomos pegar uma corrida do Teixeira, estávamos fardados
8. No primeiro toiro foram 5 para a enfermaria. No segundo fui lá
cernelhar, o toiro de casta Portuguesa mal me sentiu lá em cima, começou
a querer ir-me buscar, aguentei um bocado até que acabei por ser
agarrado, e levar uma grande tareia, mais 1 para a enfermaria. Os outros
5 toiros pegou o Zé Goes, que estava a começar, com a ajuda
dos Campinos"
António Paim (no "Correio do Ribatejo")
O
Senhor António Paim continuou a pegar até ao ano de 1947, tendo
entretanto assistido à passagem de testemunho para D. Fernando
Mascarenhas, em 1945. No entanto, nunca deixou de ser um membro
"activo", fosse acompanhando os seus filhos - António e Manuel - também
eles brilhantes forcados do GFAS no final dos anos 70, ou em qualquer
outro evento do seu Grupo.
Como
é do conhecimento geral, a sua vida profissional andou sempre à volta
da lavoura, tendo sido desde sempre agricultor, mas também empresário no
ramo das máquinas agrícolas, e com enorme sucesso, que persiste nos
dias de hoje. É ainda dos mais reconhecidos criadores de cavalos,
principalmente de toureio, sendo o ferro da Casa Paim um dos mais
assíduos das praças de toiros em Portugal.
"Que saibam prestigiar e respeitar a jaqueta que vestem, dentro e fora da praça"
António Paim (no "Correio do Ribatejo")
Descanse em paz.
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