ENTREVISTAS - Francisco Paralta - Cabo do GFA de PORTALEGRE

A poucas horas da Corrida comemorativa dos 45 anos dos Amadores de Portalegre, voltamos a repetir um entrevista realizada em 2013 a Francisco Peralta, cabo deste grupo:

Entrevista: Vitor Morais Besugo
"...quero apelar aos aficionados que nos ajudem a ter uma casa cheia numa noite de touros que promete. Que Nossa Sra. Da Penha (padroeira e madrinha do GFAP) reparta a sorte por todos os artistas e que seja uma grande corrida..." - Francisco Paralta


Numa parceria entre o FORCADO AMADOR e o NATURALES, apresentamos hoje uma entrevista realizada aoo cabo do Grupo de Forcados Amadores de Portalegre - Francisco Paralta - a pouca horas de receber o Troféu FORCADO AMADOR 2012 - GRUPO REVELAÇÃO

Os Amadores de Portalegre foram na opinião de muitos a revelação da presente temporada, pisaram as principais arenas do país e souberam aproveitar as aportunidades. Actuaram por 16 vezes e realizaram 66 tentativas para pegar os 46 toiros que enfrentaram, com uma média de 1,43 tentativa/toiro, posicionando-se no 7.º lugar do nosso Escalafon de Corridas (dados FORCADO AMADOR). 
O Grupo de Forcados Amadores de Portalegre teve como origem um conjunto de jovens estudantes do 6º ano do antigo Liceu Nacional de Portalegre.
A corrida de apresentação foi em Portalegre em Maio de 1969 com José Carrilho Landeiro, antiga glória dos Amadores de Santarém a sair a cabo.
Em 1998 Fernando Coelho assume a chefia do Grupo contando com a maioria da antiga formação e integrando novos forcados. A 8 de Julho de 2011 deu-se na Praça de Touros José Elias Martins a passagem de testemunho de Fernando Coelho a Francisco Paralta, passando este a ser o 8º e actual cabo do GFA de Portalegre.
A tragédia assolou este grupo por diversas vezes, a 8 de Setembro de 1998, o 2º  ajuda na formação que pegava um toiro de Brito Pais, Pedro Belacorça sofre uma grave perfuração no abdómen, provocada mais uma vez por uma bandarilha, vindo em consequência da mesma a falecer no dia 21 de Outubro.
Em 2009, no dia 14 de Março, a tragédia atinge de novo o grupo quando, num treino, Francisco Matias, fechado na cabeça de uma vaca, da, ganadaria de Francisco Romão Tenório, fugida aos ajudas, embate na parede do tentadero do que resulta um tremendo traumatismo craniano que lhe provoca, segundo se pensa, morte cerebral imediata, vindo a ser declarado o óbito no dia 16 no Hospital de S. José em Lisboa para onde foi transferido no dia do acidente.


Em que ano entras para o Grupo de Portalegre e como foi a tua vinda? Tinhas antecedentes na familia que te fizessem pensar em ser forcado?
Francisco Paralta
Entrei para o GFAP em 2003, sendo o meu primeiro treino na ganadaria do Exmo. Sr. Francisco Luís Caldeira no dia 8 de Fevereiro.
Fui o primeiro e continuo a ser o único forcado na família, acabei por integrar esta grande família por intermedio do meu grande amigo João Romão Tavares e com uma palavra de apoio do meu pai, visto que tinha apena 12 anos e as decisões ainda não dependiam só de mim. 

O que significa para ti pertenceres ao grupo de Portalegre?

Torna-se difícil explicar, porque não me lembro praticamente de mim e de como era a minha vida antes de pertencer a este Grupo e a esta grande família, cresci aqui, foi aqui que me fiz homem, foi nesta escola de vida e de valores que formei a minha personalidade e se sou alguém hoje, devo-o em grande parte aos meus pais, mas também a este grande Grupo de amigos a que pertenço há 11 anos. Resumindo, pertencer a este Grupo para mim significa muito, porque não me lembro de não fazer parte dele, mal comparado mas com o mesmo significado é como se me perguntassem, como é pertencer à minha família.

Quando foste escolhido para cabo, qual foi a tua reacção, já estavas à espera, foi uma surpresa?

No último mês antes da votação senti algum apoio dos mais velhos, senti que eu seria para eles uma possível escolha de continuidade. Para ser sincero não tinha uma ideia formada sobre essa hipótese, para mim ser forcado era cumprir com todas as regras que se praticavam no Grupo, estar sempre a horas e com a farda pronta para dar o melhor de mim, dedicar-me de corpo e alma ao Grupo e apagar a palavra NÃO do meu vocabulário quando me pediam para fazer algo em prol do Grupo. Quando no decorrer da votação percebi que talvez fosse eu o possível cabo sucessor, pensei varias vezes se deveria aceitar o cargo, o Grupo era muito importante para mim, não queria ter a responsabilidade de o liderar e falhar. Como qualquer pessoa nunca deveria voltar as costas à família que o viu crescer, assim fiz e assumi o meu dever, com humildade e responsabilidade.

Quando estás na trincheira e tens que escolher um forcado e um grupo para pegarem um toiro, o que tens em atenção?

Poderia estar horas a falar sobre tudo o que me passa pela cabeça nesse momento, é muita responsabilidade liderar e só não erra quem não decide. Acho que o principal segredo para se decidir bem, é conhecer todos os forcados, como forcados e pessoas, qual o ponto de motivação em que se encontra, qual o tipo de touro em que se sente mais confortável, a importância da corrida, como saiu psicologicamente da última pega (pode necessitar de um touro para ganhar confiança e moral), até a sua situação em casa pode ter influência porque a estabilidade emocional tem influência na atitude. Na minha maneira de pensar tudo isto acaba por ter peso na decisão, porque os elementos não são simples peças de xadrez e ser forcado tem os seus riscos, sendo assim, em certa parte o cabo é sempre responsável por uma parte do risco que o forcado corre. Mas quanto a mim o sucesso de uma boa escolha vem do conhecer bem cada elemento do Grupo para se conseguir “jogar” com todos estes fatores
.

Achas que se dá o devido valor ao Forcado em Portugal?
Na minha opinião o forcado em Portugal é a figura da festa, mostra muito da personalidade do povo português, é uma arte diferente de todas as outras e na minha humilde opinião muitos dos aficionados estão nas corridas pelo confronto entre o touro e o forcado.


O grupo de Portalegre já foi assolado por diversa tragédias, a ultima em 2009 com a morte do forcado Francisco Matias. O que passa pela cabeça de um forcado num momento assim? Pensam em desistir?
Falar de momentos como esse é sempre complicado, passei-o como forcado, mas agora como cabo imagino como se terá sentido o antigo cabo em relação a essa situação. Quanto a mim esse foi o segredo, a liderança forte do Fernando Coelho nunca nos deixou desistir, quanto a mim foi um Homem com muito valor. Não vou falar por todos porque nem todos somos iguais, eu penso que esse tipo de coisas dão peso à nossa jaqueta e se esses forcados perderam a vida para a defender, desistir é deixar isso a meio e desvalorizar esse sacrifício, por isso foi levantar a cabeça, seguir em frente, enfrentar os nossos medos e defender a nossa jaqueta com coração, cabeça e alma de forcado. 

O grupo de Portalgre em 2012 actuou por 16 ocasiões. Dessas corridas qual foi a mais complicada para o grupo?

Felizmente a época de 2012 para o GFAPortalegre, foi uma época em que com alguma regularidade as coisas nos correram bem e espero que assim continue este ano, logo, não consigo destacar uma corrida pela negativa. Sendo assim destaco a primeira corrida do Campo Pequeno em que pegávamos toiros da ganadaria Pinto Barreiros com o Grupo de Vila Franca, foi uma corrida complicada, em que sentimos uma grande pressão, não só pela praça, não só pelos toiros ou até mesmo por pegarmos com um dos melhores Grupos a nível nacional, mas sim porque tínhamos na bancada uma invasão de apoiantes que não queríamos desiludir, o Alto Alentejo em peso estava com o GFAP e isso tornou a corrida muito mais complicada do inicio ao fim. Felizmente realizámos 3 pegas à primeira tentativa, mas toda a corrida foi um sufoco de responsabilidade.

E qual foi em que arrebataram maior triunfo?
Embora tenha sido uma corrida que ficou marcada pela negativa com o acidente do Nuno Carvalho, o GFAP realizou uma das corridas mais corretas dos últimos anos. Estávamos perante um curro sério, com a responsabilidade de ser uma corrida televisionada e soubemos manter a calma, fazer as coisas de forma correta, dar vantagens aos toiros, os forcados escolhidos fizeram tudo com muita arte e maturidade, mostrando que o Grupo estava muito sólido e motivado.


Qual a praça em que mais gostas de pegar? Porquê?
Alem da praça de touros de Portalegre que será sempre a praça que mais respeito por ser a nossa casa, a praça em que mais gosto de pegar é a praça da Nazaré, é uma praça com uma mística especial para mim, não sei explicar bem o porque, mas sinto-me confortável como se estivesse a pegar em casa.


Na tua vida de forcado qual foi o forcado que mais te marcou? Porquê?
Nelson Balsas foi um forcadão do GFAP com o qual me identifiquei muito e para quem sempre olhei como exemplo e referência, foi um ajuda magnífico e um Forcado com o verdadeiro espirito de ser Forcado, um Sr., sendo uma referência ainda hoje para os mais novos continuando a acompanhar-nos em todas as corridas.

O grupo de Portalegre foi eleito entre os cabos de todos os grupos do nosso país, como o Grupo Revelação 2012. Como vês essa distinção?
Para mim é muito importante o reconhecimento do nosso trabalho, levámos a época de forma humilde, com muito sentido de responsabilidade e resultou da melhor forma. A votação ter sido efetuada pelos cabos de todos os Grupos a nível nacional acresce a nossa responsabilidade para o presente ano, porque todos eles são conhecedores do trabalho de um cabo e de como é difícil gerir um Grupo, logo, não há ninguém melhor para votar, sendo assim só posso ficar contente que no meu primeiro ano como cabo o nosso trabalho tenha sido reconhecido por todos e espero que tenha continuidade por muito mais anos.

Como se encontra o grupo que comandas neste momento?

O Grupo neste momento conta com 27 forcados e com uma média de idades de 20/21 anos. Embora o Grupo seja um Grupo muito novo, contamos com alguns forcados com alguma experiência, sendo eles os grande pilares que estruturam este Grupo. Este ano após a época conseguida no ano anterior contámos com a presença de muitos forcados novos nos treinos, com um potencial de evolução grande, vamos esperar para ver o que eles querem ser e se vão mostrar a qualidade que eu acho que eles podem mostrar.

É importante a presença dos antigos Forcados no dia a dia dos grupos. Nos Amadores de Portalegre essa presença é uma realidade? Como analisas essa presença junto dos forcados actuais?

Como nós sabemos a economia do país não está na sua melhor fase e torna-se difícil acompanhar o Grupo para todo o lado. Como sabemos todos os Grupos são constituídos por elementos dos mais variados sítios, não são todos da nossa região o que também torna difícil estarem sempre presentes, mas os antigos forcados vão aparecendo, uns mais que outros, uns tem mais facilidade em integrar-se, outros gostam de partilhar as historias e aventuras, mas impera sempre o ambiente saudável e o espirito familiar.

No proximo dia 1 de Junho voltam a pegar na "vossa" praça. Que importância tem a praça de Portalegre para o vosso grupo?
A praça de Portalegre é a “nossa” casa e como o próprio nome indica, casa é o nosso porto seguro, dá-nos aquela sensação de conforto, de apoio, que só em casa sentimos, mas ao mesmo tempo temos a responsabilidade de defender o seu bom nome, estamos perante o nosso publico e não o queremos desiludir, fazendo com que as pessoas gostem do que viram e tenham vontade de voltar a assistir a um bom espectáculo tauromáquico na José Elias Martins.


Queres deixar uma mensagem aos aficionados, para não deixarem de estar presentes no próximo dia 1 de Junho, em Portalegre, na corrida onde irão receber o trofeu FORCADO AMADOR - GRUPO REVELAÇÃO 2012.

Quero apenas desejar como sempre que a praça de Portalegre seja praça cheia, missão que tem sido até ao momento tentada por muitos e conseguida por poucos, sendo assim, quero apelar aos aficionados que nos ajudem a ter uma casa cheia numa noite de touros que promete. Que Nossa Sra. Da Penha (padroeira e madrinha do GFAP) reparta a sorte por todos os artistas e que seja uma grande corrida.




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