Entrevista: (Miguel Ortega Cláudio / NATURALES)
O NATURALES-CORREIO DA TAUROMAQUIA - publicou recentemente uma entrevista com Ricardo Castelo, cabo do Grupo de Forcados Amadores de Vila Franca de Xira, grupo que venceu o Troféu para Melhor Grupo 2012 - Forcado Amador.
Assim, publicamos de seguida a referida entrevista conduzida por Miguel Ortega Cláudio:
Garra, valor e determinação são características que fazem parte do vocabulário do GFA de Vila Franca.
Ricardo,
vamos começar esta entrevista por um momento triste, vivido há pouco
tempo pelo vosso grupo, a morte da vossa madrinha, Sra. D. Maria
Victória. O que significava para vocês esta senhora?
A
madrinha era para todos uma grande amiga, uma pessoa que todos
respeitávamos muito. Para esta geração actual era como uma avó. Era uma
senhora que se preocupava muito com os forcados, rezava por todos nós.
Foi uma senhora que, em todas a gerações do grupo, ficou com um grande
leque de amigos cá dentro, ao ponto de vários forcados lhe ligarem todas
a semanas a saber como se encontrava. Era uma senhora cativante e amiga
de todos. A madrinha foi um fio condutor do grupo desde sempre. A
madrinha assistiu à passagem de todos os cabos do grupo, a todas a
gerações. Na fotografia da fundação do grupo aparece a madrinha fardada
de forcado, com 20 meses. O pai da madrinha foi um dos forcados
fundadores do grupo de Vila Franca.
O
grupo tem a data de fundação de 8 de Outubro de 1932. Nós comemoramos
este ano 80 anos de fundação. Mas o grupo teve um interregno nos anos 60
e a nossa antiguidade vem daí. E só a partir de 1969 é que o grupo tem
continuidade até aos dias de hoje. Nós somos o quinto grupo mais antigo
em Portugal. Vimos logo a seguir ao grupo de Évora. Mas acrescento que
esta história não está bem apurada. Somos o quinto grupo mais antigo,
mas o grupo de Montemor também parou durante, pelo menos, um ano e não
perdeu a antiguidade. Quando o grupo de Lisboa começou, deixou o grupo
de Montemor manter a antiguidade que já tinha. Já se tentou mexer nisto
das datas, mas como não interessava… Mas ainda não está bem apurado...
Mas isso são questões secundárias e um bocadinho políticas.
Ricardo,
és de Vila Franca, uma terra, de toureiros, forcados, ganaderos,
campinos e aficionados. Já tinhas antecedentes na família, nisto de ser
forcado?
Já
o meu tio foi cabo do grupo durante 10 anos. José Carlos Matos é irmão
da minha mãe. E também já tinha tido primos no grupo. Mas a votação para
eu ser cabo do grupo não tem nada a ver com ter antecedentes na
família, foi uma votação normal levada a cabo pelos forcados da altura.
Mas a minha vinda para o grupo é como a de quase todos os elementos,
todos têm ligações familiares. No caso de mais de 90%, ou o pai andou
cá, ou o tio andou cá, o primo… O grupo de Vila Franca não é um grupo
fechado, mas acontece naturalmente assim.
Em que ano entras para o Grupo?
Eu
peguei pelos Juvenis de Vila Franca. Nós, aqui no grupo, temos as
garraiadas em Outubro. Com 11, 12 anos já começamos a vir. Mas a
primeira vez que peguei pelos amadores foi em 1998, com o Jorge Faria a
cabo, no último ano dele.
Quando foste escolhido para cabo, qual foi a tua reacção, já estavas à espera, foi uma surpresa?
A
reacção nessa altura foi de medo! Foi de assumir uma responsabilidade
muito grande dum momento para o outro. O Vasco Dotti, o anterior cabo,
fez as coisas como eu acho que se devem fazer, num grupo de forcados. O
Vasco, no ano antes de sair do grupo, por achar que era a sua altura de
deixar, reuniu aqui nesta mesma sede, os 20 elementos mais antigos do
grupo e disse que ia sair no ano seguinte. “Escolham o próximo cabo. Eu
nem voto”, acrescentado que nos juntávamos novamente daquela data a oito
dias para decidirmos quem seria o futuro cabo. Eu durante essa semana,
fui recebendo chamadas de elementos do grupo a anunciarem que o voto
deles seria em mim, sempre acrescentando tens que ser tu, tens que ser
tu! Foi quando me comecei a aperceber de que podia ser mesmo eu o futuro
cabo do grupo... E na votação fui o escolhido!
Quando estás na trincheira e tens que escolher um forcado e um grupo para pegarem um toiro, o que tens em atenção?
Eu,
quando o toiro está em praça, tenho em atenção várias coisas: A praça
em que estou, a importância da corrida em questão, jogando sempre com o
leque de forcados que tenho no grupo. Em relação ao toiro dou muita
atenção ao seu comportamento, à maneira de meter a cara nos capotes, à
maneira como se arranca, de largo ou em curto, à força que o toiro tem, e
jogo com os forcados que tenho. Dou muita importância aos lances de
capote que são dados quando os cavaleiros trocam de montadas.
Mas
sendo tu também forcado da cara, como escolhes para determinado toiro, o
forcado A, B, C ou D. Sendo tu cabo também muitas vezes tens que fazer o
papel de psicólogo do grupo!
É
verdade. Nós, os cabos de forcados temos, como se costuma dizer o
baralho todo nas mãos, sabemos quem é que está mais confiado, sabemos
quem não está. Vou recebendo e tentando perceber as reacções dos
forcados, durante a semana e durante o fardamento, e jogo um bocadinho
com isso, quem anda melhor em determinados momentos e alturas. Eu quando
pego e me sinto bem gosto sempre de abrir as corridas.
Ainda
bem que falas nisso. Abrires uma corrida, sendo tu cabo… Abriste uma
corrida aqui, em Vila Franca, em 2011, na Feira de Outubro. Era uma
corrida em que iam pegar os seis toiro. Pegaste o primeiro da noite, mas
saíste magoado, tendo que ir para o hospital. Sei que é tradição o cabo
abrir a corrida, mas não achas muito arriscado o grupo, num compromisso
tão importante, ficar sem o cabo a comandar logo no primeiro toiro?
No
grupo de Vila Franca não era tradição, pelo menos com o Vasco, o cabo
abrir a corrida. Mas, quando tenho que pegar, gosto de pegar logo o
primeiro. Depois tenho maior concentração para ver as características
dos restantes. O caso que aconteceu no ano passado… Eu não acho que
grupo perdesse nada com isso. Até penso que a motivação e a moral foram
muito maiores. Assim eu não escolho toiros para mim, é o primeiro e
pronto. Neste caso particular só era um Miura com 670kg, mas podia ter
sido outro qualquer. Mas eu aqui no grupo tenho as coisas muito bem
definidas, nesse aspecto, e foram logo definidas no meu primeiro ano de
cabo. Se algum dia eu me magoasse, quem comandaria o grupo seria o meu
irmão Pedro e os forcados mais velhos que tivessem na teia. O meu irmão,
porque ele é a pessoa que melhor me conhece, sabe como eu penso, sabe
as minhas ideias. A única experiência que tivemos nesse sentido acabou
por correr bem, Graças a Deus.
Ricardo, quando estás na cara de um toiro o que é que se sentes?
No
grupo de Vila Franca, responsabilidade acima de tudo, para que as
coisas corram sempre bem. Só se sente mesmo o sentido da
responsabilidade a falar.
Quando pegas um toiro também te sentes toureiro?
Sim!
Nós, os forcados, fomos sempre habituados a sermos metidos numa figura
de segundo plano. Mas no nosso interior sentimos que somos figuras.
Sabemos que as figuras em praça são, sem dúvida, os toureiros e
respeitamos isso, mas nós também nos sentimos um bocadinho, lá no fundo,
toureiros. Nós, na história do grupo de Vila Franca, tivemos casos
muito particulares de figuras dentro da praça. Por exemplo, o Caló.
Achas que se dá o devido valor ao Forcado em Portugal?
Penso
que hoje em dia se começa a respeitar e dar muito mais valor aos
forcados. Tenho cada vez mais a noção de que o público hoje em dia vai
muito às praça atrás da figura do forcado. Vão muito para ver grupos de
forcados pegar curros importantes e duros.
Ricardo,
nos últimos anos apareceram muitos grupos de forcados em Portugal.
Achas que isso é benéfico para a Festa e para a figura do forcado em si?
Não!
Eu acho que, com o aparecimento de muitos grupos, não se consegue fazer
o mais importante, que é nivelar a qualidade dos grupos por cima. Com
menos grupos não haveria grupos de forcados com um nível qualitativo
medíocre, como alguns que por aí há. Para se ser forcado tem que se
pegar toiros, tem que se estar rodado, tem que haver experiência dentro
do grupo, tem que haver ensinamentos importantes dos mais velhos. E um
grupo novo, à partida, começa sem isso tudo. Aqui, à volta de Vila
Franca, não existem muitos grupos. Quem queria ser forcado vinha para
aqui. À volta de Évora ia para o grupo de Évora, S. Manços, ou Montemor.
Não faz sentido nenhum cada terriola ter um grupo de forcados. No
Alentejo é impressionante a quantidade de grupos que há. Depois há
corridas de em que esses grupos pegam um toiro. E por vezes nem esse são
capazes de pegar. Isso não é nada dignificante para o forcado, nem para
a Festa.
Também
se tem ouvido nos últimos tempos, em surdina, que existem grupos de
forcados a pagar para pegarem. Achas que é verdade? Se o é concordas?
Isso não desmerecerá a figura do forcado amador?
Sim,
também tenho ouvido isso muitas vezes. Acredito que não há fumo sem
fogo! Pagar, pagar… talvez não, mas vendem bilhetes das corridas onde
pegam. Com estas situações perdermos um bocadinho o nosso estatuto de
figuras, de forcado amador. Com essa maneira de tentarem entrar nas
corridas, certos grupos perdem a dignidade. Um grupo tem que entrar numa
corrida pelo mérito e pelo valor, não pelo número de bilhetes que
consegue vender. Portanto não concordo nada com isso e acho que não é,
de forma alguma, benéfico para a Festa.
Já alguma vez te aconteceu teres uma corrida firmada e o teu grupo saltar, por chegar um grupo desses e fazer o que acima dizes?
Já!
Eu pego para poucos empresários. Tenho uma ligação forte com alguns
empresários e já aconteceu explicarem-me que eu tinha que sair porque
havia outro que tinha chegado com outra proposta... e havia outras
coisas no meio da festa... Eu prefiro andar cá com a cabeça levantada,
mesmo pegando menos corridas, do que andar a fazer essas coisas. Essas
coisas são daquelas que me deixam triste e prejudicam em muito a Festa
dos Toiros.
De quem é a culpa, Ricardo?
A
culpa é dos grupos que fazem isso. Os empresários olham para as
corridas como empresários que são! Os grupos é que se vendem por
questões menos importantes e não defendem o que deviam defender, que é a
figura do Forcado Amador.
Outro
dos temas polémicos no seio dos grupos de forcados, nos últimos anos,
tem sido o tema das bandarilhas de segurança. Umas vezes aparecem,
outras vezes não. Depende muito dos dias e das empresas... Qual é a
razão de não desaparecerem, de uma vez por todas, as bandarilhas que não
são de segurança? Há falta de união entre vocês, os forcados?
Já
se tentou mexer nisso. Não considero que seja falta de união dos
grupos. Isso já implica outros sectores da festa - cavaleiros, empresas -
isso ainda não está resolvido definitivamente por estas razões que
disse. Nós somos amadores e dependemos de vários factores dentro da
festa.
Mais
um tema polémico, no que diz respeito a forcados, mas que este ano já
foi quase sanado, foi o caso dos burladeros dentro das arenas, quando se
tratava de corridas mistas! O Campo Pequeno, na temporada de 2011,
implementou essa medida, o que causou algum mal estar nos grupos que
pegaram essas corridas, como é o caso do vosso, com uns Teixeiras. Houve
de um lado os forcados que eram contra e do outro os que defendiam o
caso, dizendo que em Espanha há burladeros fixos nas arenas e em
Albufeira também, tal qual como nas praças desmontáveis.
Esse
foi um trabalho que foi feito, mas temos que o continuar para erradicar
de vez esses casos das praças de toiros. Nós não queremos que haja
burladeros nas arenas, para defender ao máximo a integridade física dos
forcados. No campo Pequeno, chegaram a tirar, depois voltaram a pôr.
Houve ali um braço de ferro para não tirarem. Nós queríamos que fossem
tirados. Vamos combater sempre essa situação. Em Albufeira também nos
debatemos para a retirada dos mesmos da arena, mas ali sempre foi assim.
Mas nós, acima de tudo, queremos minimizar os riscos que corremos.
Disseste,
já nesta nossa conversa, que entraste no grupo em 1998. Na tua vida de
forcado, dentro do teu grupo, já passaste por momentos muito difíceis.
Perdeste um amigo, um colega, um forcado, o Pitó em 2002. O que passa
pela cabeça de um forcado num momento assim?
A
morte do Pitó foi o momento mais trágico que aconteceu no grupo de Vila
Franca e eu estava presente. Nesses momentos pensamos em tudo. O que
estamos aqui a fazer? Faz sentido? Não faz sentido? É nesses momentos
que um grupo bem estruturado, um grupo unido, coeso, um grupo com
estaleca e com idade consegue ultrapassar a situação. Um grupo sem estas
bases, nessa altura acabava, era como o desmoronar dum baralho de
cartas. O grupo de Vila Franca ultrapassou esse momento trágico. Nós,
hoje em dia, a cada vez que entramos em praça, tentamos sempre honrar a
memoria do Pitó, tentamos sempre fazer o nosso melhor, para fazer algum
sentido andarmos cá.
Ricardo, nessa altura pensaste desistir?
Não,
desistir não! Nessa altura eu também era novo. Quando somos novos não
medimos bem as coisas, o perigo das coisas. O grupo ai foi fundamental.
Tivemos um momento em que nos fomos um bocadinho abaixo, como é normal
nestes casos, mas, Graças a Deus, recuperámos e estamos no lugar em que
estamos.
Já
aqui abordámos o tema dos muitos grupos novos que têm aparecido. Não
achas - e porque falámos agora de um momento em que que a morte de um
forcado aconteceu na arena - que muitos forcados que aí andam não têm a
mínima noção do que um toiro pode fazer a um forcado?
Tenho
a certeza de que não tem a mínima noção do que é isto de ser forcado e
do que um toiro é capaz de fazer. Eu vejo poucas corridas. Só vou se me
despertam algum interesse. Corridas desses grupos então vejo muito
poucas, mas às vezes, na televisão, lá aparece uma, infelizmente, em que
esses grupos pegam. As corridas de televisão deviam ter mais cuidado
aos grupos que aparecem para as pegar. Aparecem grupos que têm muito
pouca qualidade para pegar toiros, muito menos na televisão. Tenho visto
grupos que não sabem o que estão a fazer em praça. Os forcados não têm
noção nenhuma dos terrenos, perdem os papéis facilmente, não sabem nada
do que estão a fazer.
Dentro
do mesmo tema, esta temporada infelizmente ficou demostrado que que o
toiro em praça, regra geral, não perdoa e magoa a sério. Temos o caso do
Mata, que de maneira nenhuma é o género de forcado que não tem noção do
que é um toiro e não está num grupo em que não se sabe o que se faz
numa praça de toiros.
Olha,
isso é sinal de que nós, acima de tudo, temos que respeitar sempre o
toiro e a Festa. Temos que cá andar sempre com dignidade e respeito, por
tudo e todos, público, colegas, amigos, toiro.
Queres deixar uma palavra ao Nuno?
Ao
Nuno... Cheguei a ir vê-lo a Alcoitão. Neste momento, só me ocorre
dizer que tenha muita força e mostre a coragem que ele tem, a razão de
andarmos cá!
Ricardo, já que o foste ver a Alcoitão, como é que ele se encontra animicamente?
Curiosamente
o Nuno está mais forte do que eu poderia pensar! Fala de tudo
abertamente. O tema não é tabu. Fala com uma naturalidade e com uma
força que me impressionou.
Mudamos de tema e vamos agora repassar a vossa temporada de 2012. Quantas corridas é que pegaram?
Os Amadores pegaram 17 e os Juvenis pegaram 5.
No total pegámos 21 corridas.
Dessas corridas todas, qual foi a mais complicada para o grupo?
A
mais complicada, no conjunto, foram os Palhas, na Feira de Outubro.
Seis Palhas numa terça-feira nocturna. Quando estamos a vestir as
jaquetas pensamos sempre na dificuldade, nos seis obstáculos que temos
que superar. Nessa corrida as coisas podiam ter corrido muito melhor.
Faltou a estrelinha que nos acompanhou em todas as outras tarde e
noites. Outra das corridas que nos deu trabalho foi uma corrida de Canas
Vigouroux, em Samora, em que um toiro Jabonero com seiscentos e tal
quilos pôs ali tudo em sentido.
Em relação a essa corrida de Samora e a esse toiro, não achas um exagero sair um toiro desses numa praça desmontável?
Eu
acho que é um bocadinho desmedido. Nós ali não temos os recursos que
temos noutras praças. Por exemplo, em Vila Franca com toiros com esse
peso e com o mesmo grau de dificuldade resolvemos as coisas muito bem.
Nessas praças não há jogo de cabrestos, o piso não é o melhor, são uma
série de factores que nos condicionam para não estarmos nas nossas
perfeitas condições.
Falaste no piso. De que maneira um piso tipo praia condiciona a vida de um forcado dentro da praça?
Esse
piso é muito mau para nós, mas também o é para os toiros. Quando é para
serem maus defendem-se muito mais. Para o forcado, dificulta no recuar
na cara de um toiro, na forma com se ajuda. Os ajudas têm menos
mobilidade assim. Esse piso é muito prejudicial para um grupo de
forcados, disso não tenho a menor duvida.
Ricardo,
falaste na corrida da terça-feira nocturna, em Vila Franca. É diferente
pegar em Vila Franca do que noutra praça qualquer?
É
diferente. A responsabilidade é maior, temos a pressão toda em cima de
nós. O público aqui é difícil e muito exigente. Quando corre bem gosta
de defender os seus forcados, mas quando a coisa corre menos bem exige
muito e, por vezes, não é muito simpático. Mas ainda bem que assim é!
Depreendo das tuas palavras que a corrida que vos correu melhor foi a de Vila Franca, em Maio?
Sim,
foi uma corrida que nos deu muita moral. Essa e a de Salvaterra, em
Março. A partir daí as coias correram muito bem, ao ponto de no mês de
Agosto nem nos custar a pegar. Nazaré, Abiul, Figueira. etc... Era só
deixar andar e as coias aconteciam naturalmente.
Lisboa
também vos corre bem e ganham o galardão para melhor grupo de forcados.
Será este ano que pegam seis toiros em solitário em Lisboa?
Esse
trofeu, já é o terceiro que trazemos para Vila Franca. Tem um sabor
especial. Quanto aos seis toiros em Lisboa, estamos à espera dessa
oportunidade e espero que seja este ano. É um desafio que nós queremos.
Uma ganadaria para pegar esses seis toiros?
É a que for. Queremos seis toiros que nos ponham à prova no Campo Pequeno.
És cabo de um grupo que tem um grande leque de caras. De entre todos qual é aquele que te dá mais confiança?
São
fases. Nestes três anos de cabo já tive o Márcio num grande momento. O
Ricardo Patusto extraordinário. O Pedro Castelo também num grande
momento. E o Casquinha a passar fases eficazes. Estes quatro já
atravessaram essa fase de serem o forcado que me dava mais confiança.
Um forcado que te tenha marcado a vida, enquanto forcado?
O meu irmão! Acompanha todos os meu momentos, medos, ansiedades e triunfos!
Como cabo que és e falando agora em termos de futebolísticos, se pudesses ir buscar um forcado a outro grupo, que forcado seria?
Isso é um bocado polémico! Mas se pudesse ia buscar o "Peco", o João Pedro Tavares do grupo de Montemor.
O que é para ti um bom forcado?
Isso
é muito subjectivo. Um forcado tem que ser sempre analisado de várias
maneiras, se tem entrega, dedicação, humildade. Às vezes temos bons
forcados que são zero em termos de humildade, não sabem respeitar os
outros, não se portam bem em certas situações. Para mim, um forcado tem
que ser completo.
Sempre
houve rivalidades saudáveis entre grupos de forcados. Algumas bem
conhecidas e famosas como Santarém/Montemor. Vocês também devem ter as
vossas, ou não?
Temos,
hoje em dia - e porque eles achavam que eram sempre os melhores,
destacados dos outros - é com o grupo de Montemor. Acho que há interesse
em saber se de facto que são os melhores.
Ricardo,
já disseste que gostas de ganadarias a pedir contas. Não gostas de
pegar os famosos “toiros nhoc nhoc”? Esses toiros também têm as suas
dificuldades para pegar, como qualquer toiro, ou são mais fáceis?
Esses
toiros enxovalham os forcados! Tem uma investida mais suave, nesses
toiros temos que marcar os tempos todos da pega, senão somos
completamente despatados por esses toiros. Por incrível que pareça não
são nada fáceis de pegar.
A próxima época será nos moldes desta?
Sim,
mas gostava de pisar feiras importantes: Moita, Évora, Santarém. Um
grupo que atravessa um momento como o nosso devia ir a essas corridas
importantes.
Queres
deixar uma mensagem aos aficionados, para não deixarem de estar
presentes no próximo dia 17 de Fevereiro, no Campo Pequeno, no festival
de apoio ao Mata?
Quero
dizer que ninguém deve faltar! Eu vou fazer força para que o grupo de
Vila Franca esteja lá todo e também os antigos elementos. Temos que
mostrar a nossa solidariedade para com o Nuno neste momento difícil que
ele atravessa.
Um desejo para 2013?
Desejo
que seja uma época igual a esta, em termos de qualidade, e, se puder
ser, com mais corridas e com mais desafios importantes.
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