ENTREVISTA - RICARDO PORTO NUNES - CABO DOS AMADORES DE ARRONCHES

O Grupo de Forcados Amadores de Arronches foi fundado em outubro de 1998, pegando em espetáculos com artistas amadores, denominadas variedades taurinas, chegando mesmo a pegar antes da sua apresentação com jaquetas quer em Portugal, ou Valsallor, em Espanha.

O bom evoluir do Grupo, fez que em 12 de Junho de 1999, fizesse a sua estreia oficial, já de jaqueta, num cartel composto por três amazonas, na Praça de Touros de Arronches e foi seu padrinho o Grupo de Forcados Amadores de Lisboa. Foi seu cabo Fundador Joaquim Praxedes, que de 1999 a 2006, dirigiu o grupo e proporcionou a todos aqueles jovens a hipótese de vestirem uma jaqueta e de ombrearem com grandes nomes da forcadagem nacional.

No ano de 2006, o cabo Joaquim Praxedes passou o relevo ao forcado Ricardo Nunes, atual cabo, tendo este agarrado o leme do grupo e começado um projeto para o futuro com muitas caras novas mas mantendo elementos fundamentais do grupo, seguindo-se tempos de glória para o Grupo a divulgar Arronches e a festa brava em inúmeras atuações em praças de Portugal ou Espanha, conquistando diversos prémios e a simpatia do público. Em 2013 foi distinguido pelo FORCADO AMADOR com troféu GRUPO REVELAÇÃO, eleição realizada com os votos dos cabos dos grupos existentes em Portugal.

No próximo dia 29 de Agosto, Ricardo Porto Nunes despede-se das arenas, na praça da sua terra, passando o testemunho a Manuel Cardoso. A poucos dias de se despedir das arenas, o FORCADO AMADOR numa parceria com o NATURALES entrevistou o atual cabo – RICARDO PORTO NUNES, entrevista conduzida por Vitor Besugo:

Como nasceu o teu gosto pelos toiros e, como chegaste aos Amadores de Arronches?
Tive a sorte e privilégio de nascer numa família aficionada e de ir com regularidade às Corridas de Touros desde pequeno, o que despertou em mim um fascínio enorme pelos forcados, figura que idolatrava. Cheguei aos Amadores de Arronches desde a primeira hora, fui fundador na noite de 12 de junho de 1999, na Praça de Touros de Arronches.

Como foi o teu percurso, até chegares a cabo?
O meu percurso nos Amadores de Arronches foi sempre feito com muita afición e vontade de levar o Grupo para a frente. Tive a honra de pegar o primeiro novilho, ainda sem jaqueta, numas variedades taurinas, de pegar o primeiro novilho em Espanha e de pegar o touro da estreia do Grupo, toureado pela Ana Batista e pertencente à ganadaria do Sr. Eng. Jorge de Carvalho.
Quanto ao chegar a Cabo, já em anos anteriores se tinha colocado essa hipótese, mas o facto de ter deixado o Grupo no final da temporada de 2003, por não me identificar com certas situação no seio do Grupo, adiou até 2006 que tal se viesse a confirmar.
Em 2006, e muito por culpa do Sr. Gonçalo da Câmara Pereira, surgiu a hipótese, equacionei e aceitei.

O que significa para ti pertenceres ao grupo de Arronches?
Pertencer aos Amadores de Arronches é sentir que tenho uma família, que adoro, que não passo sem ela, mas com uma diferença da outra, é que esta foi uma família que escolhi.

E seres cabo?
Um orgulho, uma honra. Quando tens um Grupo de rapazes, suas famílias, acompanhantes e amigos que confiam e depositam em ti toda a confiança, não podes defraudar.
Nem sempre é fácil, desde organizar os treinos, preparar a temporada, escolher quem fardar, decidir quem “vai” aos touros, etc, tenho consciência que errei, mas no momento fiz o que achei que era o melhor para o nosso Grupo.

Qual a praça em que mais gostas de pegar? Porquê?
Arronches. É a minha, nossa, praça. É uma praça que respeita o forcado, o silêncio no momento da pega, com a acústica que a praça tem, permite ouvir o galopar dos touros, chega a ser arrepiante só ouvires a tua voz. O facto de não ter trincheira sentes o publico como se estivesse a teu lado…

Na tua vida de forcado qual foi o forcado que mais te marcou? Porquê?
Houve alguns… O saudoso Jorge Grilo dos Amadores de Santarém, que muito me incentivava, ainda miúdo a pegar nas garraiadas e a ser forcado, o Manuel Murteira, como toureava os touros, o Jorge Faria, pela forma segura como pisava e pegava os touros, mas houve mais.

Como é que analisas o momento da forcadagem nacional?
Está de boa saúde e recomenda-se, somos figuras, agora há que estar ao nível do que o termo figura exige.
Digo que somos “figuras”, porque para mim “figuras”, são aqueles que levam gente às praças, há toureios de arte e toureiros populistas e tanto numa vertente como noutra há “figuras”, “taquilleros”. Nos forcados, para mim, é igual se mais de uma centena de pessoas acompanham, neste momento os Amadores de Arronches, se pagam o seu bilhete para nos ver e acompanhar, então somos figuras. E acredito que com outros Grupos aconteça o mesmo

Na tua vida de forcado qual foi o teu melhor momento, aquele do qual guardas melhores recordações?
Foram muitos, mas tenho que realçar a pega a um touro do Sr. Eng. Jorge de Carvalho dia 1 de Agosto de 2000, em Vila Boim, Elvas, uma grande pega, na altura ainda não havia o “fenómeno” blog ou site taurino, mas guardo na memória e no coração as palavras do saudoso Lourenço Mourato, aos microfones da Rádio Portalegre, no programa “3 Tércios”.

E o pior?
Os piores. As lesões, as vezes que emendei e fui emendado.

Como se encontra o grupo que comandas neste momento?
Está um Grupo… em todo o significado e sentido da palavra.

Manuel Cardoso vai ser o próximo cabo. Foi fácil essa escolha? E como defines o Manuel Cardoso como Forcado e como pessoa?
Estas escolhas nunca são fáceis, mas tenho muita fé no Manuel Cardoso, se for metade de Cabo do que é como forcado será um Cabo enorme.
O “Manel” apesar de ser um pouco reservado, é um extraordinário amigo, cresceu no meio do Grupo, tem um espirito de sacrifício enorme e sempre deu o passo em frente quando as dificuldades apareciam, pegou mais de uma temporada com uma lesão que só em outubro me divulgou.
 
Dia 29 vão ter um desafio importante. Como encaras este desafio?
Mais uma noite na nossa Praça, com a responsabilidade de pegar 6 touros. Tudo o resto será igual, respeito pelo público, com a obrigação de fazermos o melhor.

Antes de terminar, queres contar uma passagem vivida no seio do grupo, que consideres a mais caricata ou engraçada?
Não vou enumerar nenhuma, para não ser injusto, mas levo guardadas excelentes memórias, umas que contarei ao meu filho e outras que nem por isso…eheh

Que mensagem deixas aos antigos, atuais e futuros forcados dos Amadores de Arronches?

Aos Antigos e Actuais, a todos aqueles que tive a honra de me fardar a seu lado, um muito obrigado por me terem proporcionado os melhores anos da minha vida, aos futuros, que o caminho não é fácil, faz-se passo a passo, mas é compensador e nunca esquecer que, com Amizade, Dedicação, Devoção e Humildade, somos Amadores de Arronches.




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