João Pedro na noite da sua despedida com o filho nos braços |
João Pedro Miranda Bento, conhecido no mundo dos
toiros por “Petróleo”, alcunha que herdou do seu pai, Rosa Bento “Petróleo”, também
ele Forcado dos Amadores de Vila franca e também destacado “ajuda” dos anos 70,
e que teve como primeiro cabo Miguel Palha. João Pedro nasceu em Vila Franca de
Xira a 25 de Janeiro de 1979 e lá reside desde sempre. Foi pela mão de seu pai que
entrou para o seu Grupo de sempre e disse adeus às arenas na passada terça-feira,
11 de Outubro, na última corrida da Feira de Outubro, corrida conhecida pela
Corrida de Exaltação ao Forcado Vilafranquense. Destacou-se com ajuda, andou na
primeira linha do Grupo durante 20 anos e despediu-se a pegar de caras ao som
da Banda do Ateneu Artístico VIlafranquense… Depois da emoção Vitor Besugo
falou com João Pedro Bento numa entrevista em conjunta FORCADO AMADOR / NATURALES
Vitor Besugo (VB) – Como nasceu o teu gosto pelos
toiros e, como chegaste ao Grupo de Vila Franca de Xira?
Com seu pai pelas ruas das largadas de Vila Franca |
João Pedro (JP) - Como sabes o meu Pai José Alberto
Rosa Bento “Petróleo”, também pertenceu ao grupo. Quando era mais novo, passava
horas a ver álbuns de fotos do tempo dele, mas nunca pensei em pertencer ao
grupo. Houve um dia uma garraiada, e o meu Pai levou-me. Fardei me e gostei. Comecei
a ganhar o bichinho, comecei a dar-me com rapaziada dos juvenis, conheci o
Ricardo Silva “Pitó”, se não me engano foi a nossa primeira vez. A partir daí
nunca mais parei.
VB - Com que idade e qual foi a tua primeira
fardação (com que cabo)? Onde e quando pegaste, ou ajudaste, o teu primeiro
touro?
JP - Se não estou em erro foi com 14 anos, na
altura era cabo o Jorge Faria, uma novilhada na Feira de Outubro em 92 ou 93,
não sei precisar. A minha estreia foi nas Termas de Monfortinho.
VB - O Grupo de Vila Franca, tem uma verdadeira
escola de Forcados que é o seu Grupo Juvenil. Tu fizeste essa passagem pelos
juvenis, onde o Pedro Dotti tem uma importância inquestionável. Como analisas o
seu trabalho e importância do grupo juvenil para a formação de futuros
Forcados?
JP - No Grupo de Vila Franca temos a sorte de poder
passar por um grupo juvenil. Isso faz com que se comece a trabalhar muito mais
cedo pormenores e a limar arestas, para poder potenciar elementos mais novos,
para o Grupo. Todos passam por lá, para que a transição não seja tão repentina,
e para que ganhem à-vontade em frente aos toiros. Um miúdo já rodado, com vacas
e novilhos, de certeza que se vai sentir mais confortável, quando integrar o
Grupo mais velho, de certeza q irá com outro à-vontade.
VB - Quais foram os forcados que
mais te marcaram?
JP – Começo pelo meu pai,
Platanito, Jorge Faria, Carlos Calado, Vasco Dotti, Caló, Bacalhau, Diogo
Dotti, “Pantufeira”, Guilherme Borba,
Mário Rui Alves, Ricardo Belchior “Sevilha”, Luís Miguel Ribeiro “Pata Larga”,
Marco Salgado, Piçarra, Veríssimo, Ricardo Pereira, Nuno Nery, Pedro Reinhardt,
Tixa, Suspiro, Hélder Nunes, muitos mais só do Grupo de Vila Franca, depois de
outros Grupos destaco o Ricardo Cabral, João Tavares “Peco”, o Mantas, o
saudoso José Maria Cortes, Sidónio Rosa,
Vasco Pinto, João Pedro Bolota, Pedro
Maria Gomes, Manuel Murteira, Pedro Barradas "Gralha" e o João Camejo, .
VB - Quantas épocas no ativo fizeste, e quantos
toiros ajudaste?
JP – Se não estou em erro ai umas 20, algumas com interrupções
pelo meio devido a lesões. Para ser sincero não faço a mínima ideia, mas foram
umas centenas boas. O mais importante era lá estar a ajudar os amigos e o
Grupo.
VB – Das praças em que atuaste, quais as que mais
te marcaram?
JP – Vila Franca de Xira, Campo Pequeno (praça
antiga), Évora (praça antiga) e Abiul.
VB - Qual o momento, ou momentos, que melhores
recordações te trazem do mundo dos toiros?
JP – Os melhores momentos para mim, é quando somos
reconhecidos pelo público, como o melhor grupo, como um bom forcado da cara, ou
como um bom ajuda, isso é o que nos enche o ego e ajuda nos a andar na festa de
cabeça levantada. Faz com que treinemos cada vez mais, para sermos cada vez
melhores tecnicamente e psicologiamente, a enfrentar desafios, que nos deixam
na incerteza, se seremos ou não capazes de os ultrapassar. Mas são esses
desafios, que separam o trigo do joio. São esses desafios que ficam marcados na
memória do aficionado.
VB - E os piores momentos?
JP – A morte do Ricardo Silva “Pitó”.
VB – Como vês o atual momento da festa, em geral, e
dos forcados em particular?
JP – Na minha opinião, a festa, precisa de
empresários novos, mais proactivos, que deixem de ser manipulados por lobbys e
pelas grandes figuras, que potenciem a figura do Toiro, que é o que faz encher
praças, e faz com que haja emoção e verdade. Que montem carteis dignos, com
bilhetes para as carteiras mais jovens, por que esses é que são os futuros
aficionados. No que respeita aos forcados, acho que existem demasiados grupos,
o que faz com que haja grupos com muita pouca experiencia, sem noção nenhuma do
que é pegar e ajudar toiros. Muitas das vezes não dignificam a figura do
Forcado, e isso entristece-me muito. Fico admirado como não acontecem mais
tragédias por este país fora. Em vez de se organizarem para formar um grupo
para pegar uma ou meia dúzia de corridas por ano, deviam se distribuir pelos
grupos que já existiam á 20 anos atras, lutar por um lugar nesse grupo,
aprender, respeitar, a dignificar a figura do Forcado. E não a andar fazer
figuras tristes nas nossas praças. Enfim é lamentável mas é o que temos.
VB – Tu foste um grande forcado e és filho de outro
grande forcado. Tinhas gosto e orgulho em um dia ver o teu filho José Maria a
envergar a jaqueta de Vila Franca?
JP – Naturalmente que sim. Mas tenho muitas
dúvidas, onde irá parar a festa. A ver vamos o que nos reserva o futuro. Até lá
vamos aos toiros ver o nosso Grupo e outros.
VB – Certamente que viveste grandes aventuras com
os teus companheiros de Vila Franca. Queres partilhar uma história engraçada
vivida no seio do grupo?
JP – Uma que me vem à memória, foi uma vez que
havia corrida no Campo Pequeno (praça antiga), na altura era o cabo Jorge
Faria, e eu estava atrasado, o tempo estava incerto, e liguei-lhe a dizer que
iria chegar em cima da hora. Ele então disse-me: "farda-te pelo caminho e
encontramo-nos à porta da praça". Quando dou por mim, estou à porta do Campo
Pequeno, meio fardado a olhar para praça, onde não via ninguém. Conclusão a
corrida tinha sido cancelada devido a ter estado a chover imenso e piso não
estava em condições. Fui chacota até ao fim da época.
VB - Que mensagem deixas a quem
quer ser forcado?
JP – Aquilo posso transmitir, é
que sejam sérios uns com os outros, respeitem-se, sejam amigos, verdadeiros,
corajosos, tesos, humildes e nunca virem a cara ao Toiro, nem ao vosso
Grupo. Ajudem-se mutuamente nos momentos
mais difíceis, porque sozinho, será muito mais difícil de ultrapassar momentos
menos bons, e os Toiros não se pegam sozinhos, pegam-se com a entreajuda de
oito elementos. E são esses momentos que nos fazem crescer, enquanto pessoa e
como elemento de um grupo de forcados.
Curtas:
- A tua melhor pega?
Não sei. Tenho tantas. Mas
recordo sempre as corridas das terças-feiras noturnas na feira de Outubro em
Vila Franca sempre com ganadaria muito sérias e a pedir Forcados sérios.
- Ganadarias de eleição?
Vale do Sorraia e Canas Vigoroux
- Cavaleiro?
António Telles
- Toureiro?
Sebastián
Castella
- Peão de Brega?
David Antunes
- Passatempo favorito?
Petiscos e copos.
- Clube?
Benfica
- Prato?
Todo o tipo de Marisco
- Destino de férias?
Seychelles
0 comments:
Enviar um comentário
ATENÇÃO: NÃO SE ACEITAM COMENTÁRIOS ANÓNIMOS