O EMBUSTE!!!

Por: José Barrinha Cruz

É estranho a quantidade de corridas com 6 cavaleiros e 3 Grupos de Forcados e, paralelamente, a posição de alguns Grupos de Forcados no “escalafon”.

Repare-se; no período de 27/9 a 01.11.2012 realizaram-se:
- 5 corridas com 3 cavaleiros

-12 “ 6 “ - (Estão contabilizadas as duas no dia 1.11).
(Dados consultados do farpasblogue)

Tenho para mim que, corridas com 6 cavaleiros, não só não têm competitividade e nível artístico, como há uma razão de fundo para esta disparidade. Porque se tornam mais baratas, e o barato, a curto/médio prazo, pode vir a ser muito mais caro.

Sabemos que se realizou a 04.02.09, no A. B. Verde de Alcochete, uma AG da ANGF na qual foi apresentada uma proposta para a NÃO PARTICIPAÇÃO EM CORRIDAS COM 3 GRUPOS DE FORCADOS ou mais, excepto de beneficência ou homenagem, ambas devidamente publicitadas. Dos 28 Grupos presentes, 15 chumbaram e 13 votaram a favor. Desses 13, 12 assumiram o COMPROMISSO DE HONRA de respeitar a dita proposta.

«Assinaram o acordo os Grupos: Santarém, Montemor, Lisboa, Évora, Vila Franca, Coruche, Aposento do Barrete Verde de Alcochete, Alcochete, Chamusca, Aposento da Moita, Caldas da Rainha e Portalegre».

Porque ficam mais baratas? Não só alguns Grupos já furaram o compromisso de honra - porque faziam menos corridas -, como os que disseram NÃO compram e pagam antecipadamente bilhetes a 20,00€ cada, cujo total anda entre os 1.500 e os 2.000€ por corrida, e não recebem pela actuação na mesma.

Ou seja, antes das «portas» se abrirem, estão garantidos 3.000 a 4.000€, sejam corridas de 2/ 3 Grupos ou de 3/ 6 cavaleiros. Isto porque, tanto no 1º caso, como no 2º, dois Grupos chegam a utilizar o mesmo método, sendo mais frequento no segundo. Mas não só…é que também existem ofertas de dinheiro em «cach» - por enquanto não aceites. Estes «mecenas», actuam com total liberdade e imoralidade, a roçar a corrupção. E não se julgue que só a alguns empresários são feitas estas tentativas de aliciamento.

Existem Associações/Organizações de Forcados que são quase «agências bancárias ambulantes», com capacidade financeira para se financiarem durante uma época.

Neste contexto, colaboram grupos forcados moral e eticamente inaptos e desenraizados, por não perceberem o que é o espírito do verdadeiro FORCADO AMADOR.

Como se chegou a esta situação?

Durante anos com uma «critica» suave, resignada, e pouco interventiva na falta de qualidade - a qualidade é o somatório de muitas pequenas coisas - que lentamente foi corroendo a Tauromaquia no seu todo - com excepções, mas poucas -; um «meio taurino» quase amador, permissivo e viciado na salvaguarda dos seus «interesses - que não da Festa Brava - e o maior cúmplice do imobilismo a que chegou a Festa Brava; uma afición na generalidade sem cultura taurina, outra pouco esclarecida e alguma felizmente com conhecimentos, mas resignada; um Regulamento de 1991 desactualizado - mesmo assim não cumprido - e directores de corrida beneplácitos com esta situação, proporcionou que a passividade floresce-se. Foram estes cinco factores que contribuíram para a mediocridade se instalar - notando-se uma falta de dignidade confrangedora até nos «vazios» do espectáculo e assim criar o terreno propício ao mercantilismo e, simultaneamente, ao crescer de um toureio facilitista, descaracterizado na sua essência que, como é óbvio, levou à desonestidade, incompetência, servilismo, parasitismo de «trincheira» e agora, por acréscimo, a novidade de grupos de forcados e «mecenas» engajadores.

O silêncio existente, é comprometedor de um compadrio que grassa em todas as vertentes da Tauromaquia Portuguesa, corrompendo-a por dentro.