- José Barrinha
Cruz
A PEGA DE «RABO» -
Esta maneira de
pegar toiros, de expressão individual, não pode dizer-se que tenha sido banida das arenas porquanto, todos
os dias e embora sem intensão de a realizarem, os «forcados» a levam a efeito
como remate das acções correntes, usadas pelos grupos. Em épocas anteriores foi
porém usual realizar-se a «pega» «de rabo» cujo desenvolvimento tem pontos de
semelhança com o vulgar «coleo» que, em momentos de apuro, surge como expressão
de «quite». O «coleo», porém, apresenta-se como um recurso, o que não se verificava
com a «pega de rabo» que se executava nas touradas portuguesas do século XIX.
Este tipo de «pega» tinha lugar, como a actual «cernelha», quando os
«cabrestos» saíam para a arena a fim de recolher os toiros corridos em lide
ordinária.
Quando o toiro a pegar se achava bem «encabrestado» e imprimida ao
conjunto uma certa velocidade de
marcha, o pegador (em regra um
«campino») procura alcançar o toiro em perseguição protegido pela muralha constituída pelos «cabrestos». Conseguido o seu intento,
agarrava fortemente o rabo do animal pela parte superior, cingindo-se o mais
possível para evitar ser atingido pelos coices. Com esta acção se obrigava,
naturalmente, o toiro a isolar-se do grupo dos mansos. E quando isto sucedia,
sentindo-se preso, o toiro reagia,
dobrando-se no intuito de atingir, com a
cabeça o seu pegador. Então este,
deixando deslizar, até à altura conveniente, a mão que segurava o rabo, com a outra alcançaria um dos cornos – o de
dentro. Desta forma e segurando simultaneamente o corno e o rabo, obrigava o
toiro a uma posição em que podia considerar-se subjugado muito embora lhe fosse
possível realizar uma marcha de roda. O
remate desta «pega» era realizado com o
auxílio de um capote, que facilitaria a «saída» ao toiro, quando não era o
próprio movimento circular que permitia ao «pegador» escapar-se com a maior
segurança.
Como se vê, pode dizer-se que a «pega de rabo»
ainda hoje aparece parcialmente nas arenas, através do recreio a que os
«rabejadores» tantas vezes se entregam no final das «pegas de caras» ou de
cernelha».
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