ENTREVISTAS - Pedro Marques dos Amadores de Cascais

No próximo sábado, dia 12 de Maio, em GARVÃO, o Grupo de Forcados Amadores de Cascais vive um momento importante da sua história, com Joel Zambujeira a suceder a Pedro Marques no comando do grupo renascido em 1981 pelas mãos de Francisco Cano.

O blog Forcado Amador esteve à conversa com o cabo que termina funções, Pedro Marques, e com o que irá assumir esta nova responsabilidade, Joel Zambujeira. Hoje publicamos a entrevista com o Pedro Marques a poucas horas de cessar funções.

Vitor Besugo (VB) - Como começou o teu gosto pelos toiros e, como chegaste ao Grupo de Cascais?
Pedro Marques (PM) - Começou por brincadeira, numa garraiada em Vila Nova da Baronia, de onde sou natural, empurraram-me para a cara de uma vaca, e gostei da sensação e acabei por pegar as vacas todas nessa tarde. Tinha na altura 14/15 anos e comecei a andar só metido em garraiadas, até que um dia, tinha eu 17 anos, fui convidados por um primo meu a ir treinar ao Grupo de Cascais, na altura já comandado pelo José Luís Zambujeira, e acabei por ficar, até aos dias de hoje e já lá vão cerca de 12 anos.

(VB) - Com que idade e qual foi a tua primeira fardação (com que cabo)?(PM) - Onde e quando pegaste o teu primeiro touro?
Tinha 17 anos, foi em Junho de 2000, em Lagos, com o José Luís como cabo e acabei nessa mesma tarde por pegar um novilho de Rosa Tátá

(VB) - Quais foram os forcados que mais te marcaram?
(PM) - É uma pergunta difícil de responder, pegar toiros é um “trabalho” de equipa, mas destaco logo á partida o cabo José Luís, por ter conseguido, praticamente do nada, trazer o grupo para a ribalta, o que foi um trabalho louvável. Eu integrei esse grupo do José Luís, que foi um grupo de eleição, pois tínhamos corridas duras e nós pouca experiência, mas conseguimos ultrapassar as dificuldades e honrar o grupo. Não vou citar todos os que compunham esse grupo, vou citar apenas os que me marcaram, e começo por ti Vitor, que foste um forcado que dentro da praça sempre honraste a jaqueta e acima de tudo sempre deste tudo pelo grupo, o que acontece ainda nos dias de hoje. Posso citar também o Ricardo Trincalhetas, que foi um forcado de eleição, que nunca virava a cara à luta, o Francisco Troles, que poderá ser considerado um dos melhores primeiras ajudas desta data, pois alia a habilidade às suas enormes capacidades físicas. Quero também citar o Carlos França, o Luís Parafuso, e forcados de caras como o futuro cabo, o Joel Zambujeira, um forcado extraordinário, também o Bruno Cantinho, Luís Camões. Todos eles pertencem a uma geração muito digna.

(VB) - Quantas épocas no activo fizeste, e quantos toiros já pegaste?
(PM) -Toiros pegados são 51, épocas no activo são quase treze, mas algumas delas não as fiz completas pois lesionei-me com gravidade, uma vez no baço, outra no pé e acabei por pegar poucos toiros nessas épocas. Agora como cabo, tenho pegado menos, tenho noção disso, devido as essas mesmas lesões tenho andado mais resguardado.

(VB) -Qual o momento, ou momentos, que melhores recordações te trazem?
(PM) -Como forcado, guardo duas boas pegas que realizei na Póvoa de Varzim, ambas em corridas televisionadas pela RTP, não só por ser televisionadas, mas principalmente pelo ambiente que se vivia na praça da Póvoa. È um publico extraordinário que nos motiva como nenhum outro. Como cabo, guardo todos os triunfos alcançados, principalmente na praça do Campo Pequeno, que foram corridas muito importantes, com curros sérios e onde o grupo triunfou.

(VB) - E os menos bons?
(PM) -O momento mais negativo que guardo, foi na minha primeira temporada de cabo, foi com um toiro Santiago, numa corrida na minha terra, em que após três tentativas saí derrotado e fui para o hospital, com uma lesão séria num ombro, mas que felizmente consegui ultrapassar. Esse momento marcou-me muito pela negativa, pois assumi como uma derrota e isso mexeu muito comigo.

(VB) - Quando é que tomaste a decisão de te despedir e quais foram os factores que te levaram a tomar tal decisão?
(PM) -Essa decisão, como tu sabes, já foi tomada o ano passado, e deve-se só a motivos profissionais. Pois tenho uma vida pela frente, um trabalho que exige de mim e não posso ser cabo a meio tempo, não é assim que encaro as responsabilidades de chefiar um grupo. Tive uma reunião a meio da temporada passada com antigos forcados, com alguns dos mais velhos, e coloquei a situação, pois pretendia sair no final dessa temporada. Fizeram-me logo ver que seria precipitado, que seria melhor aguardar mais uns meses para preparar um novo cabo e foi o que acabou por acontecer. Eu quando ando nas coisas gosto de me dedicar a 100% e como agora já não me posso dedicar a 100% o melhor era mesmo sair.

(VB) - Qual o balanço destes anos a comandar os forcados de Cascais?
(PM) -O balanço é positivo. O primeiro ano foi estranho, apesar de estar a ser preparado já há algum tempo, ter que comandar cerca de 30 homens com feitios diferentes é complicado, errei algumas vezes mas tentei sempre fazer o que achava melhor para o grupo. As duas últimas foram muito boas, uma outra corrida em que as coisas não correram da melhor maneira mas no gerar foram muito positivas. Tenho a noção que deixo um grupo de forcados e de homens que sabem estar tanto dentro como fora da praça e podem pegar ao lado de qualquer grupo que não ficam atrás.

(VB) - O Joel será o próximo cabo, como é que o defines?
(PM) -O Joel foi o nome que lancei logo para cima da mesa nessa reunião, foi de consenso, como forcado tem mais anos do que eu, de idade é mais novo. Tem muita experiência, já ultrapassou muitas lesões e conhece os forcados como ninguém. É respeitado tanto dentro como fora do grupo. É a pessoa certa para comandar esta nova fase do grupo de Cascais.

(VB) - Que mensagem deixas aos antigos, actuais e futuros forcados do Grupo de Cascais?
(PM) -Que ajudem o Joel, eu irei faze-lo, vou estar próximo dele no inicio deste novo ciclo, pois sei que é importante o apoio do cabo anterior. Os antigos forcados apareçam nas corridas, interessem-se pelo dia a dia do grupo, pois fazem falta. Aos forcados que levem o grupo para a frente e que honrem sempre a nossa jaqueta e respeitam sempre o Joel e mantenham as regras do grupo.